O dia é dos hermanos, o azul e o branco colorem Brasília, onde a seleção argentina ganhou a partida contra a Bélgica por 1 a 0. “Foi muito sofrido! Mas ganhamos, foi emocionante”, diz o empresário argentino Ramiro García, que assistiu ao jogo dentro do estádio. O gol de Higuaín, aos oito minutos do primeiro tempo, garantiu à Argentina a vaga nas semifinais.
Os gêmeos Julian e Azul Sanseverino, de 15 anos, viram a seleção de perto pela primeira vez em uma Copa do Mundo. Com a bandeira da Argentina pintada no rosto, eles estão emocionados. “O jogo foi muito bom”, dizem. Eles não acreditam que o Brasil vença a Alemanha na próxima etapa e esperam enfrentar os alemães na final do Mundial.
Mas, tão numerosos quanto a torcida da Argentina, era a verde e amarela. Vários grupos de brasileiros gritavam os mil gols de Pelé. Os argentinos não deixavam barato e exaltavam Diego Maradona.
A rivalidade no futebol entre os dois países é tradicional, mas os gritos não são uma ofensa pessoal, dizem brasileiros e argentinos. “Não temos ingresso. Então resolvemos vir aqui para a porta do estádio. Eles podem ter ganhado, mas vamos ver o Brasil ser campeão da Copa”, justifica o publicitário brasileiro Felipe Amaral, de 22 anos, que provocava os hermanos.
Apesar dos gritos, não foi registrada nenhuma ocorrência de briga na área externa do estádio, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal. “Somos hermanos, todos sul-americanos, não gosto dessas implicâncias”, disse o músico argentino Joaquim Giorgiute, de 25 anos. Com uma bandeira do país amarrada nas costas, ele filmava com o celular as provocações de lado a lado na saída do jogo.
Em minoria, quase não se via o vermelho dos belgas. O militar Phillipe Antoine, de 43 anos, era um dos poucos. “A torcida agentina no estádio era bem maior que a nossa, com certeza isso os ajudou”, diz. Apesar de ter perdido, Antoine está satisfeito. Ele veio ao Brasil apenas para essa partida e amanhã volta à Bélgica. “Ainda tenho uma noite para aproveitar”.
Na Fifa Fan Fest, os argentinos estavam em menor número que os brasileiros e a comemoração era contida, mas as pinturas, bandeiras e gritos de guerra marcavam presença. “Mesmo com a rivalidade no futebol, todos nos trataram muito bem. Faz parte do esporte”, disse o jornalista esportivo Gérman Rodriguez de 23 anos. Ele veio para o Brasil em um carro com cinco pessoas, viajando por 3,5 mil quilômetros. Sem ingresso, recorreu ao telão da Fifa.
O próximo jogo da Argentina será no dia 9 de julho, na Arena Corinthians, o Itaquerão, na capital paulita. O time enfrenta o ganhador da partida entre Costa Rica e Holanda, disputada neste momento na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Mariana Tokarnia, ABr