A atividade econômica no Distrito Federal caiu 1,7% no primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2014. Naquela época, foi constatado um aumento de 3,2% em relação a igual período de 2013. A informação está no Índice de Desempenho Econômico do DF (Idecon), divulgado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (15).
“A queda que observamos ficou muito próximo da nacional”, ressaltou o diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da companhia, Bruno de Oliveira. “Aqui no DF, [o índice] foi influenciado principalmente por uma baixa na administração pública, no comércio e na construção civil.” O produto interno bruto (PIB) trimestral para o Brasil, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou contração de 1,6% no mesmo período analisado.
No DF, três setores apresentaram desempenhos negativos. A agropecuária, que representa 0,3% da atividade econômica, recuou 13,5% nos primeiros três meses deste ano. A indústria, com peso de 5,7%, reduziu em 2,6%. Já o setor de serviços, responsável por 94% da economia local, teve variação negativa de 1,6%. Em todos os casos, os valores referem-se ao mesmo trimestre de 2014.
Em serviços, a atividade de intermediação financeira, seguros e previdência complementar diminuiu 7,9%, o que indica queda na procura por crédito. O comércio aparece em seguida, com valor negativo de 5,8%. O grupo administração, saúde e educação públicas — 55,2% do setor de serviços — caiu 1,9%.
“O governo, tanto em nível local quanto nacional, tem tomado medidas de contenção de gastos; então isso tem impactado a redução do índice para a administração pública”, explicou Bruno. Segundo ele, com a redução na atividade geral, o comércio também é afetado com a diminuição da renda. “Em outras pesquisas de acompanhamento do mercado de trabalho, já começamos a observar alguma queda no rendimento do trabalhador assalariado, o que também impacta o comércio”, completou. O aumento da taxa de juros, destacou o diretor, é outro fator que influencia o comércio.
Em movimento contrário aos demais índices do grupo, a atividade de serviços da informação cresceu 4,7% no primeiro trimestre do ano contra 2,9% do porcentual nacional. Nos segmentos de telefonia móvel, acesso à internet e TV por assinatura, os indicadores refletem manutenção da demanda.
A indústria de transformação recuou 2,2%. Em âmbito nacional, 7%, conforme o IBGE. Na construção civil, que responde por 3,4% da atividade econômica local, a queda foi de 2,3%. Já no grupo que compreende atividades como indústria extrativa mineral, eletricidade e gás, a variação negativa ficou em 5,1%.
Após a apresentação do Idecon, também foram divulgados, nesta segunda-feira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Ceasa do Distrito Federal (ICDF).
O IPCA mostra que houve desaceleração da inflação em Brasília pelo segundo mês consecutivo. A variação registrada em maio foi de 0,25% — a menor entre as 13 localidades onde o índice é calculado — e de 0,85% em abril. No Brasil, o índice de maio atingiu 0,74%, e o de abril, 0,71%. Em maio, com variação de 2,3%, o grupo alimentação e bebidas consta como o que mais contribuiu para a alta do mês no DF.
Em maio, o ICDF apontou variação mensal positiva de 3,60%. No mesmo período de 2014, esse número ficou em 1,88%. “Em comparação com o mesmo período do ano passado, percebe-se que o índice foi um pouco maior em termos porcentuais”, disse o economista da Centrais de Abastecimento de Brasília (Ceasa) João Bosco Soares. “No entanto, os movimentos que a gente vem percebendo durante o ano acompanham graficamente os que foram percebidos ano passado”, acrescentou.
Entre os produtos comercializados na Ceasa do DF, o setor de frutas apresentou inflação de 0,22%; o de legumes, 10,25%; o de verduras, 10,14%. No de ovos e grãos, houve variação negativa de 13,88%. Segundo o estudo, os preços internos dos ovos tendem a subir nos próximos dias à medida que houver aumento das exportações.
A Codeplan divulgou, ainda, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação tendo como base a estrutura de gastos de famílias com rendimento monetário de 1 a 5 salários mínimos. Em Brasília, houve alta de 4,92% neste ano e de 8,36% nos últimos 12 meses. Em maio, o aumento foi de 0,85%.
Samira Pádua, Agência Brasília