Umidade cai a 8%
Brasília vive clima de deserto e entra em alerta vermelho
Publicado
emPedro Peduzzi
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ampliou as áreas em alerta vermelho devido à seca que assola a região central do país. Como em algumas dessas áreas será o segundo dia consecutivo de umidade abaixo dos 12%, a expectativa é de que a Defesa Civil do Distrito Federal decrete estado de emergência nessas áreas. Segundo o Inmet, a tendência é de que a situação piore nos próximos dias, podendo, inclusive, comprometer o desfile do 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios.
Segundo a meteorologista do Inmet Ingrid Peixoto, as áreas em alerta vermelho aumentaram mais desde terça-feira (29), quando abrangeu a região central de Goiás, em especial as cidades de Goiânia e Luziânia, e pontos do entorno e do Distrito Federal, como o Gama.
“Hoje nosso alerta vermelho se expandiu para toda a faixa oeste, centro e noroeste de Goiás; do leste do Mato Grosso; do sul e sudeste de Tocantins; e do oeste do DF, que abrange, entre outras localidades, o Plano Piloto, Vicente Pires, Guará, Taguatinga, Ceilândia, Mangueiral”, informou Ingrid à Agência Brasil. Segundo ela, nessas localidades a umidade ficará abaixo dos 12%, podendo chegar a 8%.
De acordo com o Inmet, hoje completam 100 dias sem chuva no DF. A última chuva registrada foi no dia 22 de maio. A tendência, segundo Ingrid Peixoto, é de que a situação piore nos próximos dias e que chegue ao auge por volta do dia 15 de setembro. “Portanto, se continuar desse jeito, as atividades previstas para o desfile do 7 de Setembro podem ser comprometidas”.
“Historicamente, a expectativa é de que nesta data [7 de Setembro] se tenha algo em torno de 15% de umidade. Este ano, no entanto, há maiores probabilidades de esse percentual ser mais baixo por conta de uma bolha de ar bem quente que está acima da cidade”, acrescentou.
Defesa Civil – Tendo por base o alerta vermelho feito pelo Inmet dois dias seguidos, cabe à Defesa Civil declarar estado de emergência para a localidade em que ele foi emitido. Esse alerta é dado quando a umidade fica abaixo de 12%, situação em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a interrupção total de qualquer atividade entre as 10h e 16h, em especial aulas de educação física, entregas de correspondência e coleta de lixo.
“A OMS recomenda também a suspensão de atividades que exijam aglomeração de pessoas em recintos fechados, como salas de aula e até mesmo cinemas. Ambientes refrigerados não são recomendados porque o ar-condicionado retira a umidade desses recintos, prejudicando ainda mais as pessoas que ali estão”, acrescentou a meteorologista. Também está entre as recomendações previstas para o estado de emergência a umidificação de ambientes internos, em especial hospitais e quartos frequentados por crianças e idosos.
Alertas – Em situações mais amenas, o Inmet pode decretar alertas amarelo (estado de atenção) ou laranja (estado de alerta). No primeiro caso, quando a umidade relativa do ar está entre 30% e 21%, o recomendado é que as pessoas se protejam do sol; evitem exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h; bebam mais água; e umidifiquem os ambientes.
Já o alerta laranja é decretado quando a umidade varia de 20% a 12%. Nesse caso, além do que é previsto pelo alerta amarelo, é recomendado que se evite aglomerações em ambientes fechados e que se umidifique olhos e nariz com soro fisiológico. O intervalo para que se evite exercícios físicos é ampliado para o período entre 10h e 16h.
A Defesa Civil do DF disse à Agência Brasil que, caso se confirmem as expectativas anunciadas pelo Inmet, deverá decretar ainda hoje estado de emergência. De acordo com o Inmet, em uma seca dessa magnitude há também maior ocorrência de queimadas, bem como a formação de névoa seca e de redemoinhos de poeira. Também são mais comuns problemas respiratórios na população.
“Estamos com um clima bastante semelhante ao do deserto, com noites frias e tardes bastante quentes. A diferença é que, no deserto, isso ocorre o ano inteiro. Lá [nos desertos], a temperatura à tarde fica em torno dos 40 graus centígrados (ºC), enquanto as madrugadas podem registrar temperaturas até mesmo abaixo de zero. Podemos dizer que, aqui nessas regiões durante o período mais seco, a situação é comparável à que ocorre no deserto”, completou Ingrid.