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Brasiliense esquece violência da primeira folia e pula em blocos de rua com o espírito momesco

Mariana Jungmann

Os blocos de pré-carnaval se desenrolaram sem registros graves de violência ao longo deste domingo na capital federal. Diferente de ontem, quando um tiroteio no bloco Encosta que Cresce, no centro de Brasília, deixou uma pessoa morta e outra ferida, a Polícia Militar do Distrito Federal acompanhou a folia sem necessidade de grandes intervenções.

Uma das principais medidas de segurança adotadas foi a de orientar os ambulantes e comerciantes a não venderem bebidas alcoólicas em garrafas de vidro. “Nós estamos recolhendo as garrafas e sugerindo aos foliões que passem para as garrafas de plástico”, explicou o major André Gustavo, que comandou o policiamento no bloco Falta Pouco, onde cerca de 2 mil pessoas pulavam carnaval no auge do evento.

O grupo de amigos que acompanhavam Karina Pimenta foi parado e precisou passar o conteúdo de uma garrafa de vodka para uma garrafa pet. Para ela, a orientação dada pelo major transmitiu segurança. “No fim de semana passada eu estive no Suvaco da Asa e lá eu não me senti protegida, não vi policiamento. Aqui onde a gente vai tem polícia. Meu amigo não conseguiu passar com garrafa de vidro e a gente nem reclamou, achamos ótimo”, conta, citando um dos maiores blocos do pré-carnaval de Brasília, onde foram registrados vários episódios de violência e brigas no último sábado.

No mesmo grupo de Karina, Afonso Júnior disse que acompanha o carnaval Brasília há quatro anos e observou o crescimento da folia na cidade. Para ele, a tendência é que os blocos muito grandes acabem se transformando nos pontos de maior confusão. “Acredito que o Babydoll de Nylon vai dar problema no próximo fim de semana. Por ser muito grande, o policiamento fica muito mais difícil”, disse. Apesar disso, o folião aposta que o carnaval brasiliense será melhor este ano que no último e diz que acabaram os tempos em que era preciso sair da cidade para curtir os quatro dias de folia. “Ficar em Brasília se tornou uma opção totalmente válida”.

Brasilienses curtem blocos de Carnaval. Na foto, o Bloco Falta Pouco (Antonio Cruz/Agência Brasil)

A menos de um quilômetro do Falta Pouco, os universitários Stella Souza, Caio Macedo e Julia Gomes divertiram-se no Cafuçu do Cerrado. Com temática mais voltada para o público homossexual, os três lamentaram que a divisão entre gays e heteros esteja ficando cada vez mais marcada nos blocos da cidade.

“Teoricamente não deveria precisar [de blocos gays], mas rola. E precisa ter para a gente não apanhar, não ser hostilizado”, diz Julia. Apesar disso, ela acredita que, aos poucos, o carnaval brasiliense está ficando “mais permissivo”.

Para Caio, este ano os foliões também estão marcando posição em outro tema que tem sido recorrente nas rodas de conversa da cidade: a Lei do Silêncio. Por causa dela, alguns bares em áreas residenciais já tiveram que ser fechados e outros têm tido problemas ao menor barulho provocado após as 22h. “É um absurdo essa lei vigorar justamente no governo de Rodrigo Rollemberg, que tem histórico de carnaval e de promover várias festas na cidade. Acredito que esse é um momento de marcar posição contra a Lei do Silêncio”, disse o estudante.

Mas, se o interesse do folião não for o de militar pela boemia e nem pela causa gay, não tem problema. Na opinião de Stella Souza, “tem bloco de todos os tipos” em Brasília. “É preciso escolher em qual ir” de acordo com o seu gosto.

No Cafuçu do Cerrado a polícia militar estimou em cerca de 2,5 mil pessoas o público máximo. Mesmo ocorrendo no Setor Bancário, onde há prédios comerciais e muitos becos, com histórico de tráfico de drogas, a PM não registrou episódios de violência e nem precisou efetuar qualquer prisão. “Até o momento, tudo tranquilo”, garantiu o Tenente Cordeiro, que comandava o policiamento no local.

Agência Brasil

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