Uma discussão pra lá de calorosa entre os colegas Domingos Brazão (PMDB) e Cidinha Campos (PDT) rendeu muitos comentário nos corredores do Palácio Tiradentes, no fim da tarde desta terça-feira (3). O bate-boca começou na reunião do Colégio de Líderes, que revê o Código de Ética da Alerj. Cidinha quis apresentar duas emendas ao novo código quando foi questionada por Brazão, que ironizou a preocupação da deputada com a ética parlamentar com palavrões e ofensas.
O deputado acusou a colega de “estar no bolso do Cabral”. Indignada, Cidinha rebateu dizendo que nunca tinha sido presa, a exemplo do que aconteceu com Brazão, que reagiu chamando a deputada de vagabunda e puta aos gritos. “É melhor ser puta do que ser matador e ladrão”, rebateu a deputada.
Neste momento, foi preciso que deputados apartassem a discussão, mas Brazão continuou em tom ameaçador. “Mando matar vagabundo mesmo. Sempre mandei. Mas vagabundo. Vagabunda eu ainda não mandei matar”, teria berrado o deputado, de acordo com o relato de vários parlamentares e funcionários da Alerj.
A confusão continuou no plenário da Assembleia. Tão logo foi aberta a sessão, Cidinha pediu a palavra para relatar o ocorrido e criticou os colegas por não terem prestado solidariedade a ela.
“Não tem mais homem nesta casa que seja digno de usar calça comprida, porque, se houvesse algum homem aqui, teria me defendido e dado um soco na cara dele”, protestou Cidinha. Brazão voltou à carga e alfinetou: “A nobre deputada vem falar de ética, mas está na lista do jogo do bicho, nobre deputada.” Cidinha deu troco em plenário revelando o que havia acontecido na reunião do Colégio de Líderes.
“Não venha aqui, agora, me chamar de nobre deputada se há cinco minutos me chamou de puta e vagabunda”, protestou. No início da noite, Cidinha Campos foi à Delegacia de Atendimento e Proteção à Mulher (Deam) registrar queixa contra Domingos Brazão. A deputada estava muito abalada. “Trabalho desde os 7 anos de idade. Já fui de tudo na vida. Sou casada há 41 anos com o mesmo marido. Se tem uma coisa que eu nunca fui na vida é puta. Vim à delegacia para poder ir para casa e ter coragem de olhar para os meus filhos”, disse.
O deputado Jânio Mendes (PDT) disse que vai abrir uma representação contra Cidinha e Brazão no Conselho de Ética. Clarissa Garotinho (PR) e Marcelo Freixo (PSOL) manifestaram solidariedade à Cidinha.