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Bluiblui, a sapeca

Buldogue faz vezes de filha e toma lugar na cama

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Vivian Costa

Aquela buldogue havia sido um presente de casamento. Madalena, que ainda não era mãe, se sentiu como se fosse, tamanha a afinidade que lhe despertou ao se deparar com aquele cativante focinho achatado. A atração, diga-se de passagem, foi recíproca, tanto é que o enciumado Jonas, a princípio, pensou que tal regalo teria sido um equívoco. Todavia, não demorou, também foi conquistado por aquele nariz gelado na sua orelha.

Apesar das inúmeras tentativas do homem de se tornar o queridinho da cadelinha, esta sempre preferia a companhia da esposa. “Olha como a Bluiblui gosta do meu colo, amor!” Jonas lançava um olhar torto em direção à cachorra, até que terminava por soltar um suspiro de puro encantamento. Afinal, como era possível alguém não ficar apaixonado por aquela coisinha mais fofa?

Madalena adorava encher a buldogue de mimos. Era bolinha daqui, ossinho dali. No entanto, o que a Blublui mais amava eram os biscoitos caninos de sabores diversos. Mas não pense você que ela os devorava na mesma hora. Não mesmo! Precavida como ela só, gostava de enterrá-los debaixo do tapete da sala, talvez esperando por dias de vacas magras.

Durante os passeios diários, a cadela corria como doida varrida em direção ao Lobinho, um vira-lata que morava debaixo de uma goiabeira. Contudo, até onde se sabe, o cachorro não degustava as goiabas, mas adorava se deitar ao lado da Blublui, enquanto os passarinhos bicavam os frutos. Não se pode afirmar se pensavam em caçar os gulosos, mas, de vez em quando, saltavam tentando alcançá-los. Sem sucesso, para alívio de Madalena, que a tudo observava.

Não tardava, um grupo de crianças se aproximava da Bluiblui, que saltava parecendo mola. Lobinho, mais arredio, aproveitava a ocasião e ia buscar um pedaço de qualquer sanduíche abandonado por alguém enfastiado. A cadela, depois de bons minutos ao lado daqueles filhotes de seres humanos, ouvia o assobio da tutora. Era o fim da brincadeira.

Essa rotina intensa fazia com que, ao final do dia, as energias se esvaíssem do corpo da buldogue. Hora de dormir, ela se deitava aos pés de Madalena na enorme cama de casal. Entretanto, de madrugada, a Bluiblui ainda guardava uma carta na manga.

Invariavelmente, Jonas se levantava para esvaziar a bexiga. Coitado! Assim que retornava para a cama, eis que a cachorra havia lhe tomado o lugar. Sem coragem para acordar a Bluiblui, o homem se deitava aos pés da esposa. Sem demora, acabava adormecendo ouvindo o ronco dorminhoco da sua filha de quatro patas. E era dessa maneira que acontecia. E tudo ficava bem.

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