Notícia velha que se torna nova a cada período de quatro anos: entra governo, sai governo (de vez em quando, quem sofre perde ainda mais quando o governante continua no cargo) e as calçada das quadras residenciais e comerciais do Plano Piloto continuam apelidadas de ‘Lua’, pelo excesso de crateras que fazem lembrar o satélite da Terra.”Infelizmente o quadro é esse. Sofremos com a falta de mobilidade e acessibilidade em plena capital do País, uma cidade que foi pensada, idealizada, planejada, e hoje está à mercê do abandono do Estado”.
O desabafo é de Patrícia Carvalho, prefeita da 102 Sul e presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul. São muitos os contribuintes que, com o desenho desse traçado esburacado, sofrem perdas e danos morais e físicos. E não são poucos os moradores que avaliam acionar a Justiça para que a Novacap pague os prejuízos. Há quem suspeite que, se a moda pegar, os cofres do Palácio do Buriti logo ficarão vazios de tanta obrigação de indenização que virá pela frente.
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Um exemplo desse descaso, diz Patrícia, é a própria SQS 102, que sofre há anos com o péssimo estado de conservação das calçadas. “O quadro é caótico. Calçadas com desníveis, concreto quebrado, com raiz de árvore exposta, dificuldade de escoamento da água quando chove… Em síntese, um verdadeiro show de horrores para a população que precisa transitar pelo local.”
A calçada que passa atrás da rua das farmácias, observa a prefeita, está com o concreto quebrado pela metade; já a que dá acesso às paradas de ônibus, à estação do metrô e às farmácias de alto custo, estão piores, com desníveis, placas de concreto soltas e levantadas, dificultando a vida e a segurança de quem transita pelo local.
A título de ilustração, lembra Patrícia, “recentemente recebi um relato de um casal de idosos. Eles caíram por causa de um buraco na calçada; o marido fraturou um dos ombros e a esposa machucou o rosto.”
Pedidos de reforma das calçadas não faltam, continua a presidente do CCAS. “Quando assumi a prefeitura comunitária da SQS 102 em 2019, solicitei reformas, mas sem sucesso”. Patrícia lamenta o fato de precisar, junto com a comunidade, “ficar correndo atrás de deputados distritais com o pires na mão, pedindo que alguém faça a destinação de emendas parlamentares para esse fim. A Novacap nada faz, e quando batemos na porta da Administração Regional do Plano Piloto, a informação é a d que não há orçamento para isso”, diz ela.
Ainda em tom de desabafo, Patrícia Carvalho critica a “falta de clareza nas informações, falta de respeito com o morador que paga imposto, falta de segurança para as pessoas que precisam ir e vir, falta de planejamento e a falta, também, de uma gestão eficiente.” Esses problemas ganham ainda mais amplitude uma vez que, como elos de ligação entre comunidade e órgãos governamentais, os prefeitos comunitários fazem chegar aos moradores todos os problemas e o descaso das autoridades em resolvê-los.
“Nosso objetivo”, conclui Patrícia, “é ajudar a melhorar a qualidade de vida e bem estar da população, informando ao GDF onde está o problema, mas somos ignorados. É uma vergonha a Novacap e a Administração Regional do Plano Piloto não fazerem nada para mitigar, para resolver um problema tão sério que impacta diariamente na nossa segurança. É preciso respeito. E o pedestre deve estar em primeiro lugar”.