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Busca por mais alimentos exige o uso de tecnologias de produção

“O problema do nosso tempo é que o futuro não é mais o que costumava ser”. A afirmativa é do filósofo e pensador francês Paul Valéry.  Embora pronunciada no século passado, a frase é mais que oportuna em tempos de mudanças rápidas e desafios complexos.

Sem planejamento sofisticado, fica cada vez mais difícil acompanhar mudanças, nas mais variadas dimensões, e a evolução alucinante do conhecimento em praticamente todos os ramos da atividade humana.

A agricultura, que se tornou um dos pilares da economia brasileira, está no olho desse furacão. O Brasil ganhou grande evidência como nação que alcançou sua segurança alimentar em tempo recorde e, mais, se firmou como um importante provedor de alimentos para o mundo. Alcançamos posição de liderança mundial em geração de conhecimento científico e na tradução desse conhecimento em inovações que alavancaram o desenvolvimento no Brasil de uma agricultura genuinamente tropical.

Muito mais será esperado de nós no futuro. A própria FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) já cobra um reforço do protagonismo brasileiro na produção de alimentos, tendo em vista as projeções de aumento de população e de consumo nas próximas décadas.

Além disso, diversos estudos e análises mostram que o mundo rural será desafiado por transformações substanciais. A agricultura brasileira precisará demandar à pesquisa agropecuária avanços em diversificação, agregação de valor, produtividade, segurança e qualidade, com velocidade e eficiência superiores àquelas alcançadas no passado.

E, mais, para se garantir a sustentabilidade futura da agricultura –  diante das mudanças climáticas e da intensificação de estresses térmicos, hídricos e nutricionais previstos –  serão necessários substanciais avanços em diversos campos do conhecimento científico e tecnológico.

O aumento da demanda por alimentos, fibras e bioenergia exigirá sofisticação tecnológica que racionalize o uso da nossa base de recursos naturais (água, solo, biodiversidade, etc) e dos serviços ambientais (reciclagem de resíduos, suprimento de água, qualidade da atmosfera, etc) necessários à produção agropecuária.

Os desafios não são triviais, mas conta a nosso favor o fato de que o avanço tecnológico, em diversas frentes, é impressionante. E, para fazer bom uso de todo o arsenal de ferramentas e tecnologias hoje disponíveis e em desenvolvimento, o Brasil precisará investir cada vez mais em processos de inteligência estratégica. Processos que ampliem a nossa capacidade de antecipar e qualificar riscos, desafios e oportunidades. Que norteiem o fortalecimento das nossas instituições de pesquisa e inovação, com capacitação de recursos humanos e sofisticação de estratégias, métodos e instrumentos que nos permitam continuar competitivos.

Foi com essa visão que a Embrapa instituiu, em 2013, o sistema Agropensa, que é uma plataforma de inteligência estratégica dedicada à coleta, organização e análise de informações relevantes que auxiliem a empresa a produzir conhecimentos e orientações para o desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira. Esse sistema opera em rede e busca, em essência, antecipar tendências e garantir o ajuste permanente das prioridades de pesquisa e de transferência de tecnologia com vistas à inovação.

Estamos confiantes de que este novo sistema de inteligência ampliará enormemente a nossa capacidade de antecipar riscos, oportunidades e desafios.  E permitirá que a Embrapa e suas organizações parceiras aprimorem seu planejamento e sua capacidade de responder, de forma tempestiva e eficiente, às necessidades da agricultura e da sociedade brasileira.

Maurício Antônio Lopes

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