Buscas põem mais tempero na tensão política de Brasília; ordem do dia é cautela total
Publicado
emFelipe Meirelles, com Agências
O clima do Planalto com o PMDB que já estava péssimo, ficou ainda pior com a nova fase da Operação da PF que promoveu busca e apreensão na casa de dois ministros e inúmeros aliados. Há um clima de tensão no Planalto e tudo é acompanhado com muita cautela.
Apesar de o Planalto não falar em afastar os ministros que tiveram suas residências como alvo da operação de busca e apreensão da PF, a situação é delicada. Esses ministros se tornarão mais um foco de desgaste para a presidente e seu governo.
Por isso, já há quem defenda que a presidente repense se eles devem mesmo permanecer nos cargos. Pansera é ligado a Cunha e Henrique Alves, a Temer. Os dois estão rompidos com o governo. O problema deste tipo de atitude é que agravaria o clima de instabilidade no governo, que já é grande.
O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, afirmou que as buscas desta terça-feira reforçam a percepção de “esgotamento” de Eduardo Cunha dele à frente da Câmara dos Deputados.
“O Congresso Nacional, o Poder Judiciário e o Ministério Público têm que estar muito atentos a esses fatos e muito atentos à percepção da sociedade em relação ao esgotamento da representação do presidente da Câmara”, afirmou Rossetto durante cerimônia com as centrais sindicais na sede do ministério, em Brasília.
Um dos alvos da operação de busca e apreensão deflagrada pela Polícia Federal em mais um desdobramento da Lava Jato, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, divulgou nota nesta terça-feira, 15, dizendo que “abre mão espontaneamente” de seus sigilos bancário e fiscal.
Pansera ocupou no Ministério uma das vagas que coube ao PMDB no governo Dilma Rousseff. Na nota, divulgada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, ele manifesta “pleno interesse no esclarecimento dos fatos sob investigação”. “Pansera está certo de que o andamento das investigações estabelecerá a verdade”, diz a nota.
A operação Catilinárias estendeu os tentáculos de busca e apreensão nas residências do deputado Áureo Lídio (SD-RJ), do prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB-RJ) e do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto – aliado do presidente de Eduardo Cunha exonerado na semana passada pela presidente Dilma Rousseff.
Também são alvos da ação Aldo Guedes, ex-sócio do ex-governador Eduardo Campos, Lúcio Bolonha Funaro, delator do mensalão, e Altair Alves Pinto, que, segundo investigações, seria emissário de propinas de Cunha. O ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) e o senador Edson Lobão, dos grupos de Cunha e de Renan Calheiros, presidente do Senado, também entraram no olho do furacão.