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Butantan atribui a Bolsonaro crise da pandemia

Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta, 27, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que, em julho de 2020, o governo foi avisado sobre avanços nos estudos da CoronaVac e houve oferta de 60 milhões de doses. Segundo ele, o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a imunização contra a Covid-19, mas “percalços” com o governo do presidente Jair Bolsonaro pare fechar um contrato impediram a antecipação da vacinação.

“O mundo começou a vacinar no dia 8 de dezembro. No final de dezembro, o mundo tinha aplicado mais de 4 milhões de doses, e tínhamos no Butantan 5,5 milhões, e mais 4 milhões em processamento. Sem contrato com o ministério. Nos podíamos ter começando antes? O Brasil poderia ter sido o primeiro pais do mundo a iniciar a vacinação, se não fossem esses percalços, tanto contratuais como de regulamentação”, afirmou.

Depois, o Butantan ainda fez propostas para o governo federal em agosto e outubro. Dimas Covas afirmou que, em outubro, as negociações pareciam estar se caminhando para um desfecho, mas que tudo mudou em função da resistência de Bolsonaro a aceitar a vacina chinesa.

“Tudo aparentemente estava indo muito bem, tanto que em 20 de outubro fui convidado pelo [ex-]ministro [Eduardo] Pazuello para uma cerimônia no Ministério da Saúde em que a vacina seria anunciada como uma vacina [do PNI], com a incorporação de 46 milhões de doses”, disse Covas.

Pazuello chegou a anunciar o contrato, mas, logo após o presidente da República se manifestou contra a compra da CoronaVac. Bolsonaro chegou a argumentar na época que os brasileiros não seriam “cobaias”.

“A partir desse ponto, é notório que houve uma inflexão. E digo isso porque saímos de lá muito satisfeitos e achávamos que, de fato, teríamos resolvido parte desse problema. No outro dia, de manhã, as conversações adicionais não seguiram porque houve uma manifestação do presidente da República dizendo que a vacina não seria incorporada”, disse.

O acordo acabou sendo fechado em janeiro de 2021, seis meses após primeira oferta. A CoronaVac é a vacina contra a coronavírus que mais foi aplicada no Brasil. Segundo Dimas Covas, o Butantan poderia ter entregue 100 milhões de doses até maio deste ano, mas, em virtude da demora para assinar o contrato, o prazo foi estabelecido para setembro.

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