Hermano Leitão
Na madrugada de segunda feira, Mãe Naná, mãe de santo de Urucu, respondeu a consulta feita por um político influente de Brasília sobre o destino de Lula e Dilma. Após jogar os búzios, Mãe Naná disse que as divindades indicaram que eles foram atingidos pela espada de Xangô, orixá justiceiro que castiga os mentirosos e fraudadores. O impetuoso senhor dos raios e trovões tem a justiça como lema, não tolera a mentira, a desonestidade e a corrupção. Xangô nunca suporta as trapaças pelo poder.
Segundo Mãe Naná, o sepultamento de Lula e Dilma não passará de junho deste ano e a causa mortis deles é o politicídio, um mal que acomete muitos que desviam dinheiro público para proveito próprio em detrimento das necessidades do povo.
Eles são infectados não só pela picada da jararaca, mas, também, do veneno da ganância do vil metal, a fazer o diabo: mentir sobre propriedade de sítios e apartamentos, roubar crucifixo, enganar o fisco federal, enfim, ludibriar o povo para manterem-se eternamente como sanguessugas ou parasitas de hospedeiros indefesos. Para Xangô, o destino deles é a morte.
Em outro arremesso dos búzios, Mãe Naná viu uma assembleia de sanguessugas em fila para o abismo do inferno em igual destino de Lula e Dilma, a começar por um ancião de bigodes em chamas. Outro era um parasita de olhos arregalados e nariz sangrando que gritava “não me deixem só!”.
Em consulta específica do influente político, ela respondeu que um homem de capa preta está ungido por uma legião de espíritos que traz para ele iluminação do que deve ser feito com Lula, Dilma e todos os Assembleares, porque ninguém escapará de sua espada justiceira.
Não haverá nem o ouro preto nem o ouro amarelo, ouros preciosos, para comprar consciências. Não poderão usá-los para fazer do preto, branco; do feio, belo; do errado, certo; do baixo, nobre; do velho, jovem; do covarde, valente, porque Xangô arrastou os sacerdotes e os servos para longe do seu altar e enviou uma multidão nunca vista em marcha nas ruas e nas praças em nome dos íntegros.
Não haverá mais o escravo que ata e desata articulações clandestinas; não mais nomearão ladrões e conferir-lhes títulos, genuflexões e a aprovação na bancada dos senadores. É isso que fazia a viúva anciã execrável, prostituta vil dos Assembleares acometidos de politicídio.
Com as revelações dos 12 cavalheiros delatores, senhor Costa, senhor Barusco, senhor Youssef, senhor Corrêa, senhor Camargo, senhor Pereira, senhor Pace, senhor Delcídio, senhor Mendonça, senhor Pessoa, senhor Pascowitch e senhor Feira, Xangô traçou o enterro da dupla politicídica e desvendará a verdade das folhas mortas em abril.
Mãe Naná disse ainda que o Rei de Oió colocará todas as 172 cartas na mesa branca e designará Akinikú chefe dos rituais fúnebres da dupla que submergiu no abraço dos afogados.
Para finalizar a consulta, o influente político de Brasília quis saber quem sucederá Ìyá-kèré no mês de maio. Mãe Naná pediu de antemão uma contribuição pro Lágùnnòn, porque a demanda era forte e o balogum é necessário para a provisão do terreiro. Paga a demanda, mãe Naná arremessou os búzios e revelou que será escolhido um Asípa de vida breve e prevê um arrastão que findará na posse de Basorun.
E assim o político influente foi ao Congresso e resumiu a seus pares, o que disseram os búzios: um dia apareceu um grande animal que devorava a todos, homens, mulheres e crianças. O povo, revoltado com os crimes, resolveu enfrentar o animal monstruoso. Mas o ser monstruoso rugia e toda a terra tremia. Então, para auxiliá-lo, surgiu Basorun, que não quis soldados para vencer o animal. Ele lançou seu plano e derrubou o animal matando-o depois num só golpe com seu oxé.
Vitorioso, Basorun foi eleito pelos homens e mulheres de seu povo, e porque todos ouviram falar de seu feito.