Há pessoas que se levantam dispostas, como se as primeiras horas do dia fossem as mais felizes do mundo. Pra falar a verdade, eu me encaixo nesse tipo, talvez pelo hábito que adquiri desde os tempos de menino, quando disputava com a minha avó quem é que levantaria mais cedo. Sou do Sol, enquanto a minha mulher, a famosa Dona Irene, prefere esticar ao máximo seu tempo na cama.
Durmo de meias para pisar no chão sem fazer qualquer barulho logo que acordo, enquanto a minha esposa, ainda adormecida, talvez sonhe com Morfeu. De tão cedo, a Belchior e a Clarinha (as nossas buldogues francesas) nem percebem meus passos. Aproveito esse meu momento de quase solidão junto à pia da cozinha e lavo uma possível louça deixada pra trás na noite anterior.
Como ainda tenho algumas horas pela frente, faço exercícios na barra fixa que tenho na porta entre a sala e a cozinha. Leio, escrevo algum texto para Notibras, até que a Clarinha arranha a porta do quarto. Sinal de que chegou a hora de sair com as nossas filhas de focinho achatado.
Depois do passeio, começo a preparar o café da manhã da minha amada. Nada que demore mais de meia-hora. Deixo quase tudo pronto, até que ouço a linda voz da Dona Irene: “Dudu, já fez o meu café?!”
Mais alguns minutos, lá está a minha mulher sentada à mesa. O lindo rosto, apesar de parecer ser de poucos amigos a essa hora da manhã, ainda esboça um “Obrigadinha!”. Rapidamente, ela ergue a caneca quase cheia, que toca seus lábios.
– Bom dia, Dudu! Preciso de café pra minha alma fazer download pro corpo!