O advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende Caio Silva de Souza e Fábio Raposo (suspeitos de envolvimento na morte do cinegrafista Santiago Andrade), disse nesta quarta-feira (12) na Cidade da Polícia que alguns manifestantes recebiam dinheiro de organizações — que não foram reveladas — para irem aos protestos e convocarem outros jovens às manifestações no Rio de Janeiro, dentre eles o próprio Caio.
“Ele foi aliciado a participar de manifestação e cada manifestação que participava, com intuito de ‘vamos fazer um quebra-quebra. Você ganha R$ 150’”, disse o advogado em entrevista à GloboNews. “Eles não me passaram precisamente nome de ninguém. Mas passaram assim: ‘Doutor, manda investigar’”, acrescentou Jonas Tadeu.
Ainda segundo Jonas, Caio recebia um salário mínimo no trabalho, como auxiliar de serviços gerais de uma empresa terceirizada pelo Hospital Rocha Faria, e grande parte do dinheiro seria utilizado para pagar o aluguel da casa da mãe. Embora tenha dito que isto não eximiria a culpa do rapaz, relacionou a condição “miserável” com o crime.
“Assim que estive com o pai do Caio, vi a situação de miséria que ele vive. Me deu uma tristeza muito grande. Esses jovens são aliciados, recebem fomentos financeiros de organismos que organizam estes protestos com o objetivo de desarticular o governo, em vez de fazer uma oposição correta. Tem que ir atrás das pessoas que aliciam outros jovens. Eles desgraçaram a família de outros jovens e do Santiago”, disse o advogado, sem se aprofundar em quem seriam os responsáveis pelo suposto aliciamento.
Caio afirmou que costumava ir a manifestações. O advogado dele, entretanto, ponderou que o motivo seria a ajuda de custo supostamente recebida pelo rapaz. “Ele sempre foi aliciado, sempre recebeu dinheiro. Quanto mais páginas estes jovens abrirem nas redes sociais, quanto mais convocações tiver para outros jovens, eles são recompensados. Tem um fomento financeiro, mas não sei de onde vem.
Preso na manhã desta quarta-feira em Feira de Santana, Caio Silva de Souza admitiu que acendeu o rojão durante a manifestação de quinta-feira (6). O suspeito chegou ao Rio, às 8h42 desta quarta-feira, pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, Zona Norte. Na entrevista, ele disse que não sabia que o objeto era um rojão, e sim um “cabeção de nego”.
Perguntado se acendeu junto com Fábio Raposo, ele balança a cabeça de forma positiva. Ele afirmou ainda que, depois da veiculação das imagens onde apareceria recebendo o rojão, teve medo de ser morto por “pessoas envolvidas nas manifestações”.