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Lula acertou na mosca

Caiu Sílvio, garanhão da Esplanada que queria comer em outros pastos

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo/ABr

A seriedade de um governante é medida por suas ações, mais do que por suas palavras. Em tempos onde a palavra “transparência” é amplamente usada, a verdadeira prova de comprometimento ético está em como ele lida com questões que afetam diretamente a moralidade do governo e a dignidade das pessoas. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu em tempo hábil, ao demitir o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, acusado de assediar sexualmente a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco.

Imagine um governante que recebe denúncias contra um de seus auxiliares diretos — alguém com quem compartilha reuniões diárias, conversas de planejamento estratégico e, em muitos casos, uma relação de confiança. A denúncia é grave: assédio sexual a colegas de trabalho. Um choque inicial percorre os corredores do poder. O ambiente de trabalho, que deveria ser seguro para todos, transforma-se em um campo minado para as vítimas.

Governantes sérios entendem que, nesses casos, a credibilidade de sua administração está em jogo. Não se pode hesitar, tergiversar ou tentar minimizar a gravidade da situação. A sociedade esperou, exigiu e viu uma resposta rápida e firme. A primeira atitude de um líder comprometido com a justiça e o bem-estar de seus servidores é afastar o acusado imediatamente, garantindo que as investigações ocorram de maneira imparcial e que as vítimas se sintam seguras para relatar suas experiências.

Muitos poderiam pensar que essa atitude poderia parecer uma “traição” a um aliado político ou a um colega de longa data. Mas a verdadeira traição seria contra os valores que devem guiar a função pública: a integridade, o respeito e a ética. Um governante que se omite ou protege o agressor não apenas compromete a confiança de seus eleitores, mas também perpetua a cultura do silêncio e da impunidade.

Além disso, a postura de demitir alguém envolvido em escândalos de assédio sexual não é apenas um ato de proteção à imagem do governo, mas uma mensagem clara à sociedade: ninguém está acima da lei. Governos sérios assumem a responsabilidade de ser exemplares em suas práticas, e isso inclui reconhecer e corrigir erros internos, independentemente da proximidade dos envolvidos.

Ao contrário de Lula, um governante que se cala, que prefere ignorar ou encobrir essas denúncias, não percebe que está minando as bases de sua própria autoridade. Porque em tempos de informação rápida e vigilância social constante, cada decisão (ou omissão) é julgada pela opinião pública.

Lula, ao demitir seu ministro, mostrou-se sério e firme, porque sabe que a confiança depositada nele não pode ser desperdiçada. O presidente compreende que um auxiliar comprometido com comportamentos imorais compromete toda a equipe e que, em última instância, a justiça e a integridade são valores inegociáveis. Governar com ética é saber que, muitas vezes, é preciso sacrificar alianças para preservar o bem maior: o respeito ao ser humano. E isso acaba de ser feito.

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