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Califórnia vive o drama hídrico e já cogita eliminar até os jardins

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O governador da Califórnia, Jerry Brown, introduziu novas restrições de água diante da queda dos reservatórios do Estado a níveis alarmantes. O Estado enfrenta a ameaça de um desastre ambiental catastrófico em meio a uma grave seca, já em seu quarto ano e que não mostra sinais de melhora. Cientistas da Nasa projetaram que reservatórios podem secar em um ano.

A seca é um problema de proporções épicas e que poderia – muitos dizem deveria – resultar em uma grande mudança no comportamento dos moradores locais em relação à água. “Esperamos que as pessoas olhem para um gramado verde e achem isso tão chato quanto fumar passivamente”, disse Nancy Vogel, do Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia.

Na semana passada, o governador Jerry Brown anunciou o racionamento de água obrigatório numa escala inédita na Califórnia. O objetivo é reduzir o consumo em 25%.

A crise poderá forçar uma mudança no pensamento de muitos na Califórnia, um Estado de migrantes americanos.

“As pessoas recriaram paisagens dos lugares que elas vieram, como o centro e o leste (americano) que são locais com mais água, e para muitos o jardim veio com a casa”, disse Felicia Marcus, presidente do Conselho Estadual de Controle de Recursos Hídricos. “Isso não é uma necessidade e estamos tentando treinar as pessoas a repensar isso”.

Mas, mesmo com o agravamento da crise, a água continua a jorrar sem problemas em alguns bairros.

É notável que comunidades menos abastadas desfrutam de muito menos vegetação. O ônus será dos endinheirados para que revejam o que pensam ser a paisagem apropriada para a Califórnia.

Nancy Vogel acrescenta que os californianos terão que reavaliar sua “noção de beleza”, tornando-se mais conscientes em relação à água. “Precisamos chegar ao ponto em que não esperamos que a nossa paisagem se pareça como Iowa”, disse.

Para Jay Famiglietti, da Universidade da Califórnia e cientista especializado em água do laboratório de propulsão à jato da Nasa, a estratégia de Brown, que tem apelado à emoção, é necessária já que muitos são apáticos à ideia de conservar água. “Acredito que manda uma mensagem muito forte para todos os californianos sobre a gravidade da situação.”

Livrar-se dos jardins será uma grande mudança de estilo de vida para muitos, mas é a maior medida que californianos podem tomar para aliviar a crise, disse Famiglietti. “A paisagem natural tolerante à seca é bonita – nós apenas temos que acabar com essa coisa de grama… Vivemos num Estado árido e semiárido e precisamos começar a agir dessa forma.”

Cidades receberam ordens para que interrompam a irrigação de jardins centrais em estradas e autoridades locais e moradores foram avisados que gramados verdes são coisa do passado.

Proprietários não serão forçados a removê-los, embora muitas cidades tenham introduzido limites para o número de dias que sistemas de irrigação podem ser usados.

“Para o californiano médio, a maneira mais fácil e rápida para economizar água é desligar os irrigadores”, disse Nancy Vogel.

Eis o motivo para tanta preocupação com os gramados: cerca de 50% da água utilizada em áreas residenciais é em parte fora de casa.

“As pessoas, geralmente, irrigam demais seus gramados e usam a água para fazer coisas que uma vassoura faria”, disse Felicia Marcus, presidente do Conselho Estadual de Controle de Recursos Hídricos.

O sucesso dependerá de como as ordens serão aplicadas. Em grande parte, dependerá de órgãos locais descobrirem as melhores formas de reduzir o consumo.

Fornecedores deverão fornecer um relatório completo da implementação das novas regras. Eles poderão aplicar multas de até US$ 500 para pessoas flagradas desperdiçando água. As próprias agências poderão ser multadas em até US$ 10 mil se não cumprirem as medidas.

Mas autoridades dizem que a abordagem será pela educação, com o objetivo de transmitir mensagem sobre conservação. Isso inclui informar proprietários sobre alternativas aos gramados – gratuitamente.

Californianos têm recebido diversos conselhos sobre maneiras de economizar água, como não deixar a torneira aberta enquanto escovar os dentes, tomar banhos curtos, consertar vazamentos em banheiros, canos e torneiras e não lavar os carros.

Em Los Angeles, restaurantes foram forçados a parar de servir água automaticamente nas refeições – economizando água gasta na lavagem dos copos.

Não haverá nenhum exército nas ruas, patrulhando medidas de economia de água. Mas algumas agências locais têm incentivado o público a atuar como “policiais da água” ao usar um aplicativo no celular.

O programa permite que usuários tirem uma foto do vizinho, que é enviada diretamente à autoridade de água. O resultado, geralmente, é um alerta por carta, mas que pode levar a um processo.

“Isso é um pouco assustador”, diz Famiglietti sobre a abordagem ao estilo “Big Brother”.

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