A vacinação contra a gripe já começou na rede privada brasileira em meio a boatos de um possível surto de H3N2, subtipo da influenza A. O alarde disseminado em grupos de WhatsApp é contestado por especialistas, que são unânimes: não há motivo para corre-corre, embora a busca por imunização seja recomendada para toda a população – como já ocorre em todos os anos.
Segundo o Ministério da Saúde, foram identificados 57 casos de H3N2 no Brasil entre 1.º de janeiro a 31 de março, dos quais 10 resultaram em mortes. No mesmo período do ano passado, foram identificados 158 casos, com 20 óbitos. No Estado de São Paulo, dos 51 casos graves de gripe em 2018, 18 eram de H3N2, e, das 11 mortes, três foram ligadas ao subtipo.
A campanha de vacinação na rede pública deve começar em 23 de abril para grupos de risco, o que inclui idosos acima de 60 anos, gestantes e crianças de 6 meses a 5 anos.
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica, Regiane de Paula, disse que a situação está sendo monitorada e, até o momento, não há indício de que haverá um surto. “Os dados atuais não provocam nenhum tipo de alarde”, disse.
O temor vem do recente surto do H3N2 nos Estados Unidos, que atingiu ao menos 30 mil pessoas desde outubro, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Mas especialistas dizem que o mais provável é que o ciclo da gripe seja do hemisfério sul para o norte.
“Ainda é precoce pensar em um surto, pois são casos pontuais em São Paulo e no Nordeste”, diz o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri. E seria necessária uma grande mutação para causar uma nova pandemia, como a de 2009.