Depois de quase duas horas de discussão, o plenário da Câmara aprovou, nesta quarta-feira (4), a convocação do ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), para esclarecer declarações que deu em visita à Universidade Federal do Pará na última sexta-feira (27). “Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que, quanto pior, melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais, aprovarem as emendas impositivas”, disse o ministro, ressaltando que falava em nome próprio, e não do governo.
Segundo a Agência Estado, o requerimento de convocação foi incluído na pauta pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pedido do líder do DEM, Mendonça Filho (PE). Parlamentares da oposição e da base aliada se revezaram na tribuna cobrando retratação e até o cargo do ministro. A convocação foi aprovada por 280 votos. Outros 102 deputados votaram contra o pedido da oposição. Quatro se abstiveram e um se declarou em obstrução. A data ainda não foi definida pela Câmara.
“Quero que ele se desculpe aos meus eleitores e à minha família porque não sou o que ele disse”, reclamou o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP). “Ministro mal educado e desrespeitoso. Ele não pode ser jamais ministro da Educação deste país. Nós não somos chantagistas”, atacou o líder do PSC, André Moura (SE).
O líder do PT, Sibá Machado (AC), classificou como “inevitável” que o ministro compareça à Câmara para esclarecer suas declarações. Mas pediu que o requerimento de convocação fosse transformado em convite. “Foi uma palavra que saiu e não volta. Foi como uma flecha lançada. A presença do ministro aqui é inevitável. Mas que ele pudesse vir aqui por convite. A convocação é uma resposta com calor da emoção”, disse Sibá.
Aliada do governo, a líder do PCdoB na Câmara, Jandira Feghali (RJ), sugeriu que a Casa antecipe a audiência que fará com Cid Gomes, prevista para o próximo dia 19, para que ele faça uma retratação. “O ministro nos chamou de ladrão, para que ele explique em plenário quem são os ladrões desta Casa”, cobrou o deputado Laerte Bessa (PR-DF).
Líder do partido de Cid Gomes, Domingos Neto (Pros-CE) disse que o ministro esclarecerá a declaração aos deputados na próxima semana, quando tem audiência marcada na Câmara, e, por isso, não precisaria ser convocado. “O ministro estará na próxima semana à disposição do Congresso para discutir esta questão e aquelas que são de interesse do país”, afirmou.
As declarações que irritaram os parlamentares foram dadas pelo ministro da Educação durante visita à UFPA, onde se reuniu com professores e reitores de universidades federais paraenses. Na ocasião, ele defendeu a presidenta Dilma dos ataques ao seu governo e disse que era preciso compreender as dificuldades que ela enfrenta no Congresso, sobretudo, após a eleição de Eduardo Cunha na presidência da Câmara. “A presidenta Dilma, ela é só presidente da República. Não ache que um presidente da República tem o poder de tudo, não. Tu acha que essa eleição para a presidência da Câmara aconteceu segundo a vontade dela?”, declarou.