Entre uma e outra zapeada nas reuniões entre Luiz Inácio e Joe Biden e, depois, com Volodymyr Zelensky, tentei evitar, mas não consegui deixar de comparar o que vivemos hoje e o que vivíamos ano passado no plano internacional. Em nome de Deus, saímos do fundo do poço e estamos bem próximo do paraíso terrestre. Falta pouco para chegarmos lá.
O grande passo será costurar o prepúcio da cabeça impensante de meia dúzia de deputados desmamados recentemente e que não se permitem aceitar a igualdade de direitos. Apoiados por uma legião de falsos profetas, eles defendem uma pauta conservadora, hipócrita e blenorrágica.
Enquanto milhões de brasileiros passam fome e sede, os sensitivos de coisa alguma – a maioria assexuada – trabalham para vetar o casamento homoafetivo no Brasil. Não conheço e tenho raiva de quem conhece o projeto em tramitação na Comissão de Previdência, Infância, Adolescência e Família da Câmara. No entanto, não há como deixar de atribuir ao fetiche a intromissão de parlamentares na vida alheia.
Talvez uma psicopatologia de pessoas que não se imaginam fazendo em pé o que as outras fazem deitados. Antes de teimar em combater o posicionamento horizontal do semelhante, por que não experimentam? Será que têm medo de gostar?
A dor de cotovelo é, no mínimo, estranha. Relatado por um pastor evangélico, o projeto pode até ser aprovado na comissão, mas, na própria Câmara ou no Judiciário, não há hipótese de supostos defensores dos bons costumes impedir que homens e mulheres usem o que é deles como bem entenderem.
Diz um velho ditado que quem dá o que é seu não é desprezo. Portanto, ninguém é culpado de o único prazer desse povo da aleluia ser o dinheiro. Glória a Deus que, excetuando os profetas do dízimo, os demais brasileiros gostam mesmo é de brocar ou de ser brocado.
E que mal há nisso? Sugiro que, antes de se meterem no modus operandi dos outros, metam. O ato faz bem à saúde, mata sede, combate o calor e gera novas vidas. Não se escondam debaixo das Bíblias surradas que carregam debaixo do braço e que normalmente são abertas no mesmo versículo.
Os armários não aguentam mais os hipócritas andrajos e os invertidos medrosos. Como disse o deputado Max Beltrão (PP-AL), a comissão que é contra o casamento homoafetivo é comumente recheada de discursos virulentos de “leões” que, entre quatro paredes, fazem sussurros de “gatinho”.
E saibam que Beltrão é conservador histórico. Em nome de Adão e Eva, deixem a “binga” da rapaziada e a “cocota” das meninas em paz. Se não gostam, descabelem o palhaço, molhem o biscoito, descasquem o pepino, sentem e se acalmem. Depois de calmos, atentem para um detalhe fundamental: aceitar ou não a união gay deve ser uma escolha exclusiva de quem foi pedido (a) em casamento.
Ser gay não ofende ninguém. O que ofende é o preconceito e a homofobia dos borra-botas travestidos de parlamentares.
A diferença entre eles e os que se acham santos é que muitos homossexuais são capazes de enfrentar a sociedade por alguém. E vocês? Além da arte de convencer incautos a doar o que ganharam com sacrifício, o que sabem fazer? Tirem o acento do amém e amem. Se preferirem, mudem de igreja, afrouxem o cinto, soltem a franga e digam em voz alta: hoje eu comunguei.