O governador eleito Ibaneis Rocha está a pouco mais de 10 dias de sua posse. O período de transição não trouxe até aqui nenhum fato ou publicação sinalize a expectativa de novidade de gestão que tanto empolgou o eleitorado da capital da República durante a campanha eleitoral.
O secretariado que ele empossará no dia 1º de janeiro é surpreendente. Entre nomes conhecidos e desconhecidos, chama atenção a federalização. Há um risco aí. Basta lembrar Tancredo Neves. Ou o velho ACM. Um governante, diziam aquelas velhas raposas políticas, não deve nomear quem não pode ser demitido.
Se a ideia de Ibaneis é agradar a Michel Temer e seus pares, montando em Brasília um bunker de resistência do MDB a Jair Bolsonaro, terá dado um tiro no pé. Até porque, a caneta de Temer seca no dia 31.
No rol dos novos secretários figuram 3 ex-ministros, 1 filho do todo poderoso ex-ministro e ex-presidente da Petrobrás Pedro Parente e ainda de uma ex-vice-ministra. É muito ministro para um único governador. Além do mais, antes de ex-ministro, o novo secretário do meio ambiente de Brasília, é nada mais nada menos do que filho de José Sarney, último dos grandes titãs da política nacional. Se for necessário, em qualquer circunstância, Ibaneis terá força para demitir Zequinha? É um caso a pensar.
Também interessante é o fato de no rol de indicados não se encontrar ninguém que tenha tido o apoio de algum dos parlamentares eleitos no DF. Os deputados federais, distritais e os dois senadores eleitos vão por enquanto legislar. Aliás, o próprio Ibaneis verbalizou, em reunião com distritais, o que ele espera dos parlamentares: legislar, legislar e legislar. Participar do executivo nem pensar.
No entanto, o governador tem se movimentado bastante na direção da Câmara Legislativa, na tentativa de colocar na cadeira da presidência da Casa um deputado disposto a advogar em favor do Executivo.
Desponta numa alardeada preferência de Ibaneis, o jovem Rafael Prudente. Porém, na política, por muitas vezes, quem não aparece como favorito, termina como vencedor. Contam com isso o companheiro de viagens do governador eleito, Cláudio Abrantes e o articulado Rodrigo Delmasso. Aparentemente fora do jogo, o senhor do complexo mundo das rubricas orçamentárias, Agaciel Maia, caminha com fluidez no meio dos novatos, com o discurso forte de que a Câmara precisa ser e se mostrar independente perante o Executivo.
Nesse contexto, já tem muito novato disposto a não topar nenhum projeto de reforma para ampliar o puxadinho do Buriti, como ficou conhecido o legislativo local. Será que Agaciel será o nome que melhor represente os novatos? O mote do seu discurso é bom, mas parece que vai ter que gastar mais saliva até o ano novo.
Apesar do desfecho próximo, o jogo da Mesa está apenas começando. E gente do círculo mais próximo de Ibaneis tem dito que o “homem” não está cogitando, nem de longe, sentir o mesmo gosto amargo da derrota do seu grupo nas eleições para a seccional da OAB.
Por essas e outras o que se tem ouvido por aí é a promessa de distritais em resistir. E legislar, legislar e legislar. Enquanto a posse não chega, ouve-se perto do Buriti o som ensurdecedor das Trombetas que derrubaram os muros de Jericó.