A Câmara dos Deputados, que, segundo versão Lula, já chegou a ter 300 picaretas, tem hoje entre 300 e 400 achacadores. A declaração do ex-presidente foi feita em 1993, quando ele estava em campanha pelo Palácio do Planalto. Hoje, o mesmo raciocínio é empregado por Cid Gomes, ministro da Educação. É um grupo, segundo o ex-governador do Ceará, do “quanto pior melhor. Eles querem que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais, aprovarem as emendas positivas”.
Cid Gomes fez essas declarações há seis dias, em Belém. Foi durante uma visita do ministro à Universidade Federal do Pará, conforme relata o Blog do Josias, do Uol. Ele se reuniu com professores e reitores de universidades federais paraenses. Encontrou-se também com servidores e alunos que o recepcionaram com um protesto contra o corte de verbas destinadas às instituições federais de ensino.
Num dos encontros, a pretexto de defender a gestão de Dilma Rousseff, Cid Gomes atacou o Legislativo. “A presidenta Dilma, ela é só presidente da República. Não ache que um presidente da República tem o poder de tudo, não. Tu acha que essa eleição para a presidência da Câmara aconteceu segundo a vontade dela?”, indagou o ministro a certa altura.
O próprio Cid Gomes respondeu. Antes, disse que falava em caráter pessoal, não como auxiliar da presidente — como se fosse possível distinguir um personagem do outro. “Não é o ministro que está falando”, disse. Cid suspeitava que estivesse sendo gravado. “Tem gente gravando aí. Eu sei que sempre tem gente gravando.” Mas não deteve a língua. “Eu acho que a direção da Câmara atualmente será um problema grave para o Brasil.”