Éder Wen
O projeto Câmara em Movimento, que busca aproximar o Poder Legislativo das diversas regiões administrativas do Distrito Federal, esteve nesta quarta (30) em Ceilândia, no campus da Universidade de Brasília (UnB-Ceilândia). Centenas de estudantes e moradores da cidade compareceram e apresentaram reivindicações aos deputados distritais e integrantes da direção da universidade.
Embora várias pessoas tenham se manifestado em favor de melhorias nas condições de acessibilidade do campus, com destaque para a construção de uma passarela para pedestres, há muito tempo aguardada pela comunidade acadêmica, o tema dominante nas falas foi a melhoria da gestão da saúde no Distrito Federal.
A professora Mariana Cruz, do curso de Saúde Coletiva da UnB, sintetizou o que muitos estudantes relataram no evento. “Muito se fala das deficiências de gestão na Secretaria de Saúde e creio que nossos estudantes têm muito a contribuir para melhorar esse quadro. A presença do profissional de saúde coletiva é fundamental se quisermos aperfeiçoar o gerenciamento do sistema, pois ele atua na base, na atenção primária”, defendeu.
O estudante Adriano Vilaça também reivindicou mais espaço para a atenção básica na saúde. “O profissional sanitarista precisa ser reconhecido como profissional de saúde, pois sua atuação se dá na prevenção de muitas doenças. Nós não queremos apenas ocupar cargos na Secretaria de Saúde, mas sim contribuir com nossos conhecimentos para melhorar o atendimento à população”, afirmou.
Para o professor João Paulo Mateus, da UnB, é possível conciliar o atendimento à população de Ceilândia com a formação de estudantes da área de saúde. “Precisamos da criação de uma clínica-escola multiprofissional em Ceilândia para fortalecer a rede de saúde na região e formar nossos alunos. É uma solução simples que integraria a universidade ao local onde está instalada”, sugeriu.
A deputada Celina Leão (PPS) explicou aos presentes que boa parte dos recursos indicados por emendas parlamentares foram utilizados para pagamento de folha de pessoal. “Não foi possível destinar a verba que consideramos necessária para o atendimento primário à saúde porque o DF estava vivendo uma crise financeira tão grande que quase 80% das emendas foram utilizadas para pagar salários de servidores”, afirmou. O deputado Reginaldo Veras (PDT) complementou: “É preciso frisar que as emendas são indicadas pelos deputados, mas quem executa é o governador. A sociedade precisa cobrar do Poder Executivo a execução de emendas de seu interesse”.
O deputado Rafael Prudente (PMDB) garantiu que não faltam verbas para o governo, mas sim competência para geri-las. “Há R$ 54 milhões do Ministério da Educação para a construção de creches no DF, mas há várias obras paradas. No Hospital Regional da Asa Norte, por exemplo, faltam medicamentos nas gôndolas, enquanto há dinheiro de sobra reservado para essa finalidade. Posso afirmar que não falta dinheiro no orçamento, mas sim vontade política de executar”, provocou.
Israel Batista (PV) elogiou a participação dos estudantes no evento. “Vocês nos trouxeram dados, números e argumentos sólidos. Isso é muito importante para um debate construtivo. Tenho certeza que sairemos daqui inspirados e determinados a ajudá-los a resolver esses problemas”, frisou. Chico Vigilante (PT) lembrou o papel da comunidade de Ceilândia na viabilização do campus da UnB na cidade: “Essa universidade nasceu da vontade de ceilandenses corajosos que fizeram passeatas, abaixo-assinados e mobilizações. É com a força dessa mesma comunidade que vamos avançar para resolver os problemas enfrentados pelos estudantes”.
Acessibilidade – “Desde 2012 estamos aguardando a construção de uma passarela para pedestres em frente ao campus. Já perdemos as contas de quantos atropelamentos já ocorreram aqui. Além disso, o campus também precisa de um sistema de drenagem de águas pluviais, pois quando chove é praticamente impossível transitar aqui dentro”, reclamou Bruna Oliveira, estudante da UnB.
Segurança – Outro tema levantado na sessão ordinária realizada na UnB-Ceilândia foi a falta de segurança ao redor do campus. “Hoje mesmo ocorreu um assalto em frente à universidade. Os estudantes pedem há muito tempo a criação de uma linha de ônibus para nos levar até a estação de metrô. Não é porque temos preguiça de caminhar até lá, pois não é distante, mas sim porque muitos de nós são assaltados no caminho”, relatou Fabrício Ribeiro, estudante da UnB.