Notibras

Câmbio e entressafra vão jogar os preços dos produtos agrícolas cada vez mais altos

Os preços agrícolas no mercado doméstico dispararam nos últimos 60 dias em consequência da combinação das pressões decorrentes da desvalorização cambial e da entressafra. No período, o preço em real da saca de 60 quilos de soja aumentou 14,8% e a do milho, também com 60 quilos, 18,8%. Os dados fazem parte de levantamento realizado por Fábio Silveira e Lucas Alvarenga, analistas da GO Associados.

Na esteira do aumento nos preços da soja e do milho, ingredientes intensivos na fabricação da ração para alimentação animal, o preço interno pago pelo quilo de frango abatido foi majorado em 11,1%. A desvalorização cambial e a entressafra também refletiram nos últimos dois meses no aumento de 44,8% no preço da saca de 50 quilos de açúcar e de 31,4% no litro do etanol hidratado.

Tal combinação, segundo Silveira, terá duas implicações. Trará algum alívio nos custos de produção e melhora da margem dos produtores, mas exercerá mais pressão sobre a inflação. “Trata-se de uma combinação explosiva”, disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Para ele, não resta mais dúvida agora de que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai encerrar o ano acima de 10%.

A desvalorização cambial, iniciada em julho, está sendo repassada para os preços dos produtos agrícolas comercializáveis, que são influenciados pelos movimentos do dólar pela relação que têm com o mercado internacional. Silveira ressalta que a soja está com o preço estável em Chicago, mas sobe internamente por causa do ajuste do câmbio. “Mas mesmo produtos que não são intensivamente exportáveis, como o milho, por exemplo, acabam sendo influenciados”, lembra Silveira.

A avaliação do analista do GO Associados é de que para o setor do agronegócio – que, como a economia brasileira, passa por um período de ajustes – a desvalorização cambial proporcionará uma rentabilidade maior no começo do próximo ano. De 40% a 50% da atividade do setor está relacionada à taxa de câmbio.

O setor sucroalcooleiro, de acordo com Silveira, não vai resolver de vez seus problemas de endividamento, mas deve melhorar a sua rentabilidade, na margem. A tendência é de que os preços agrícolas continuem subindo uma vez que o ajuste cambial ainda não se completou e que a entressafra de alguns produtos termina só mais para o fim deste ano e começo de 2016.

Sair da versão mobile