Mariana Tokarnia com colaboração de Camila Boehm
Caminhoneiros fazem protesto em diversas estradas do país contra o aumento do preço dos combustíveis. Os protestos ocorrem desde a noite de ontem (31). Os caminhoneiros estão barrando o fluxo de caminhões em diversos trechos de rodovias estaduais e municipais. As manifestações foram registradas em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Espírito Santo, de acordo com as Polícias Rodoviárias Federais nos estados.
“Na maior parte das interdições os caminhoneiros em deslocamento são convidados a participar. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) continua monitorando possíveis pontos de bloqueio e em tratativas para que se restabeleça o fluxo nos pontos onde as manifestações ocorrem”, disse a PRF em nota.
São Paulo – O Porto de Santos está paralisado desde as 6h de hoje (1º) devido à paralisação. Apenas os caminhões que já estavam dentro do porto conseguiram sair, segundo informações do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista (Sindicam). A entidade afirmou que mais de 4 mil caminhoneiros estão parados somente na região.
O trânsito também está congestionado na via Anchieta, na chegada a Santos, desde a manhã. O diretor do Sindicam, José Cícero Rodrigues Agra, disse que a paralisação continuará até as 18h, quando a movimentação dos caminhoneiros deve voltar aos poucos e ser normalizada até as 6h de amanhã.
Mato Grosso – Em Mato Grosso, manifestantes seguem no Km 683 da BR 163, em Sorriso. Apenas veículos de carga são retidos e a pista está liberada para demais veículos. A pista chegou a ser liberada às 9h30, mas voltou a ser ocupada às 11h30.
As manifestações ocorrem também em Barra do Garças, no Km 5 da BR 070, também apenas para veículos de carga. Os manifestantes chegaram a atear fogo na pista, mas a estrada já está desobstruída. O ato ocorre desde as 5h.
Houve registro de manifestação, sem fechamento de estrada na BR 163, Km 746, em Lucas do Rio Verde. Está prevista, segundo a PRF no estado, manifestação em Rondonópolis, na BR 163, entroncamento com a BR 364. Mas até as 15h30, não havia registro de movimentação no local.
Minas Gerais – Em Minas Gerais, os protestos ocorrem desde a noite de ontem (31). De acordo com a PRF, os protestos seguem em apenas um trecho, na BR 040, Km 602, próximo a Ouro Preto. Os caminhões que passam pelo trecho estão sendo retidos, mas ônibus e carros estão passando normalmente.
Em alguns trechos, os protestos se concentraram na parte da manhã e já foram encerrados. Na BR 381, Km 361, próximo a João Monlevade, as manifestações começaram por volta da 0h e a via foi liberada às 14h50. Na BR 050, Km 81, próximo a Uberlândia, as manifestações começaram às 23h50 e terminaram menos de duas horas depois, ainda de madrugada, de acordo com a PRF. Na BR 040, Km 45, próximo a Paracatu, as manifestações começaram por volta de 8h e terminaram às 10h25.
Espírito Santo – No Espírito santo, os caminhoneiros chegaram a bloquear o km 301 da BR 101, em Viana, na Grande Vitória pouco antes das 6h. Após negociações, os manifestantes ocuparam o acostamento e o fluxo foi liberado. Na tarde de hoje a pista já estava completamente liberada.
Bahia – Na Bahia, as manifestações ocorreram em quatro pontos. Até as 15h, os protestos ocorriam em apenas um deles, na BR 116, Km 523, próximo a Itatim. Não houve obstrução, uma vez que os protestos ocorrem à margem da estrada. Chegou a se formar, no entanto, um congestionamento de 5 Km, porque os motoristas reduziam a velocidade para observar o movimento.
Na BR 116, Km 420, próximo a Feira de Santana, a pista foi interditada das 8h às 10h30. Os manifestantes atearam fogo em objetos e foi necessária a limpeza da pista. Não houve nenhum tipo de conflito.
Na BR 324, Km 441, em Riachão do Jacuípe, cerca de 20 pessoas protestavam na estrada, mas não havia a participação de caminhoneiros, segundo a PRF no estado. A pista chegou a ser bloqueada às 8h, mas foi liberada às 12h30. No Km 276 da BR 116, próximo a Tucano, a pista não foi interdidata, já que as manifestações ocorreram às margens da BR, entre 8h e 12h30.
Santa Catarina – A rodovia BR 116 foi fechada, no Km 133, na altura do município de Santa Cecília, na serra catarinense. Às 5h da manhã, a pista foi bloqueada para caminhões nos dois sentidos. Carros e ambulâncias estão passando normalmente pelo bloqueio. Por volta das 15h30, a pista foi liberada. Os manifestantes deverão, segundo a PRF, ocupar novamente a via às 17h.
Algumas horas depois do bloqueio em Santa Cecília, na BR 116, km 245, em Lages também ocorreu manifestação, mas sem bloqueio da via. Os caminhoneiros que passam pelo local estão sendo convidados a parar.
Outro bloqueio foi registrado no litoral norte catarinense, na BR 101, no município de Itajaí e na BR 470, Km 140, em Rio do Sul. A manifestação é sem bloqueios, apenas com a colocação de faixas.
Rio Grande do Sul e Goiás – Também em nota, a PRF informou que até as 15h30, as manifestações ocorriam no Rio Grande do Sul em Cristal (BR 116), em Rio Grande (BR 392), em Carazinho (BR 295), em Palmeira dos Índios RS (BR 468) e em Ijuí (BR 285). Em Goiás, ocorrem protestos em Aparecida de Goiânia (BR 153) e em Rio Verde Goiás (BR 452).
Aumento – Para cumprir a meta fiscal de déficit primário, o governo decidiu aumentar tributos sobre combustíveis, com aumento da alíquota do Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
A alíquota passou de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 para o litro da gasolina e de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 para o diesel nas refinarias. Para o litro do etanol, a alíquota passou de R$ 0,12 para R$ 0,1309 para o produtor. Para o distribuidor, a alíquota, atualmente zerada, aumentou para R$ 0,1964.
O transporte terrestre é o predominante no Brasil e 60% das mercadorias são transportadas por caminhões. Nas cidades, essa porcentagem aumenta para 95%, segundo a Agência Nacional de Transporte de Cargas (ANTC). De acordo com a entidade, o combustível representa 40% do custo de um frete e o aumento geralmente é repassado para o preço do transporte. O aumento do imposto do combustível poderá gerar um aumento de até 4% no preço do frete, segundo estimativa da agência.
Em nota, divulgada no último dia 27, Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) diz que a solução encontrada pelo setor é aumentar o frete em média 5%, passando o aumento do custo para o contratante. A Abcam afirmou que respeitaria a decisão daqueles que optassem pela greve, “entretanto solicita que a manifestação seja feita em casa, com os transportadores deixando de entregar suas cargas, e não bloqueando as rodovias”.