Presidente da Venezuela e candidato à reeleição no próximo domingo, Nicolás Maduro prometeu reparar os erros cometidos na chamada “revolução bolivariana” e conseguir a prosperidade econômica que não obteve em seis anos de governo, tempo no qual o país afundou em uma profunda crise.
Com uma longa carreira dentro da administração pública, desenvolvida nos últimos 20 anos, Maduro, de 56 e que se orgulha de ser o “presidente operário” que nunca pisou em uma universidade, chega nesta campanha eleitoral como o “candidato da pátria”.
Em cada comício, ele promete que, se tiver 10 milhões de votos, garantirá a paz no país e dará estabilidade à abalada economia venezuelana.
“Confiem em mim, eu vou fazer. Eu, Nicolás Maduro. Eu, Nicolás povo. Eu, força revolucionária, neste tempo histórico, juro diante de vocês”, disse recentemente o chefe de Estado que havia feito uma promessa similar em 2014, um ano antes de ser eleito presidente.
Em março desse ano, o agora líder da chamada “revolução bolivariana”, iniciada pelo falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), jurou diante de simpatizantes em Caracas que derrotaria a “guerra econômica”, que diz ser promovida dos Estados Unidos, e à qual atribui a escassez de remédios e alimentos no país sul-americano.
Maduro, que durante a gestão de Chávez foi deputado, presidente do parlamento, chanceler, vice-presidente e presidente interino, prometeu também em 2014 que neste ano já não haveria pobreza nem miséria, algo que, pelo contrário, aumentou, segundo estudos das principais universidades do país.
Nas ruas da Venezuela é possível ver há um ano pessoas ingerindo os restos de comida que encontram no lixo, e há escassez também de remédios e dinheiro, tudo isso em um cenário de hiperinflação que os opositores de Maduro atribuem às “más políticas” que adotou.
No entanto, seus aliados o descrevem como um homem próximo ao seu povo, sobretudo da “classe operária trabalhadora”, e nos seus discursos costuma sempre se dirigir a eles.
Nesta campanha, Maduro, que foi líder sindical e motorista de ônibus, reiterou que é um homem do povo, e já não diz que é “filho de Chávez”, como repetia em 2013 durante sua primeira campanha.
O chefe de Estado venezuelano é “afável” e “de riso fácil”, segundo disse em várias entrevistas o ministro de Comunicação, Jorge Rodríguez, que garante que Maduro é o “único” fiador da paz para a Venezuela.
Apesar dessa “afabilidade”, Maduro é apontado hoje como “ditador”, pela captura de políticos e pelas “ordens” que deu aos poderes judiciais para desabilitar importantes líderes e partidos da oposição, incluindo seu principal rival nas eleições presidenciais de 2013, Henrique Capriles.
Em seu mandato, destacados líderes acabaram na prisão, como Leopoldo López, que teve retiradas suas competências legislativas no parlamento, de maioria opositora. Seus opositores também o acusam de ter acabado com o Estado de Direito, ao indicar que todas as instituições do país atuam sob suas ordens.
Maduro também é acusado de impedir a “liberdade de expressão”, uma vez que, durante seu governo, pelo menos 40 veículos de comunicação encerraram as atividades.
Embora o “presidente operário” reconheça que cometeu erros em nível econômico, rejeita que seja um “ditador” e repete, várias vezes, que a Venezuela é um país democrático que tem “o melhor sistema eleitoral do mundo”, enquanto seus críticos asseguram que o Poder Eleitoral opera segundo as suas ordens.
O líder “revolucionário”, casado com a advogada e deputada Cilia Flores – 10 anos mais velha que ele -, nasceu em Caracas em 1962 e foi criado na paróquia de El Valle, um setor popular da capital venezuelana, segundo ele mesmo conta nos seus atos públicos para contestar aqueles que dizem que é originário da Colômbia.
Nas eleições de 2013, Maduro venceu com 7.505.338 votos, contra 7.270.403 de Capriles, e muitos atribuem a vitória à comoção popular com a então recente morte de Hugo Chávez.