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Candidato a relator cerca Cunha, que se diz tranquilo com processo de cassação

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta terça-feira, 3, estar tranquilo sobre o processo por quebra de decoro parlamentar instaurado no Conselho de Ética. Cunha evitou dar detalhes sobre os argumentos que serão usados em sua defesa, mas insistiu que não mentiu em seu depoimento à CPI da Petrobras. “Vou provar que não faltei com a verdade”, afirmou.

O peemedebista é acusado na representação do PSOL e da Rede Sustentabilidade de ter mentido para os membros da CPI. Na ocasião, Cunha negou que tivesse contas bancárias no exterior.

Aos jornalistas, o presidente da Câmara disse não ter preferência por nenhum relator sorteado nesta tarde. Amanhã, o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), vai decidir entre Zé Geraldo (PT-PA), Vinícius Gurgel (PR-AP) e Fausto Pinato (PRB-SP). “Não tenho que contestar, não tenho de falar nada, tenho de me defender”, declarou.

Cunha pretende se reunir com advogados entre hoje e amanhã para formatar sua defesa na Câmara, mas adiantou que a atuação dos advogados será diferente daquela em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele desconversou sobre a possibilidade de antecipar sua defesa no colegiado. “Talvez sim, talvez não, ainda não pensei sobre isso”, tergiversou.

Questionado sobre a permanência no cargo mesmo com um processo que pode culminar com sua cassação, o peemedebista disse não ver “nenhum problema” na situação. Pela primeira vez em sua história, o colegiado vai instaurar um processo por quebra de decoro parlamentar contra um presidente da Casa no exercício do mandato.

Impeachment – Sobre os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Cunha voltou a dizer que vai procurar ser célere na apreciação dos requerimentos, mas não adiantou quando vai deliberar.

Ele afirmou que optou pelo silêncio sobre o assunto para não alimentar a “fofocalhada”. “Ficar especulando sobre isso não faz bem a ninguém. Pretendo decidir tão célere quanto a minha convicção permitir. Quando fizer, vocês vão saber”, declarou.

Encurralado – Um dos três sorteados para disputar a relatoria do processo de cassação, o petista Zé Geraldo disse que “são muitas” as evidências contra o peemedebista. O deputado do PT foi sorteado junto com Vinicius Gurgel (PR-AP) e Fausto Pinato (PRB-SP). Um dos três será escolhido relator pelo presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), nesta quarta-feira, 4.

“As evidências são bastantes. As evidências são muitas. Isso quem está dizendo não somos nós, membros da Comissão. São os delatores. Nós, membros da comissão, temos que agir com isenção”, afirmou Zé Geraldo após a sessão em que foi sorteado.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta terça-feira, o petista avaliou que Cunha tornou-se “indefensável”. “Ele está muito anêmico, não tem mais fôlego para ser a ofensiva contra o governo, contra a Dilma e contra o PT”, disse o deputado à reportagem na tarde de segunda-feira, 02

Zé Geraldo prometeu que não será um “engavetador”, optando por apontar ausência de admissibilidade. “Sendo o relator, tenho que relatar. Não posso engavetar”, afirmou. Ele negou ter sido procurado por emissários do governo ou do PT, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Nossos três membros da comissão de ética nunca receberam nenhuma manifestação de ninguém. Nem de governo, nem de partido, nem de Lula, nem de ninguém”, afirmou. “A posição nossa vai ser uma posição de Comissão de Ética. Partido é partido, governo é governo, religião é religião e Comissão de Ética é Comissão de Ética”.

No entanto, ele admitiu que conversará com seu partido caso seja escolhido relator. “Vou conversar, vou ouvir todo mundo. Naturalmente vou ser procurado. Não é qualquer processo”, afirmou.

Para Zé Geraldo, uma eventual ofensiva contra Cunha no conselho não afetará a governabilidade do País. “Acho que a governabilidade é governabilidade e o julgamento de um membro deste Poder é uma coisa totalmente diferente”, afirmou. Ele disse ainda não temer retaliação do presidente da Câmara ao seu partido ou ao governo. “Não posso temer nada. Tenho que ser um membro da Comissão de Ética, tenho que agir como membro”, afirmou.

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