A bancada do Distrito Federal na Câmara dos Deputados é um lugar de passagem. Tipo estacionamento rotativo. O deputado eleito tem tendência em seguir um “plano de carreira”, e logo tente um voo mais alto, ao Senado ou ao Governo. Os três últimos governadores eleitos diretamente passaram pelo menos uma legislatura perto do Salão Verde do Congresso Nacional. E tem os que perdem a eleição maior, ficam quatro anos no banco de reserva, e retomam o curso da vida política debaixo da cúpula voltada para cima.
Assim o termo de “renovação” não necessariamente indica novo nome. Pode significar o retorno do filho pródigo. Da bancada eleita para a Assembleia Constituinte, o único remanescente é Augusto Carvalho (hoje SD, então PCB). Mas os outros integrantes da primeira bancada do DF não ficaram longe da política.
Maria de Lourdes Abadia foi a primeira mulher governadora do DF, Márcia Kubitschek a primeira Vice-Governadora. Valmir Campelo foi Senador e candidato ao Buriti. Sigmaringa Seixas foi candidato a vice-governador. Jofran Frejat candidato ao Governo duas vezes, e quase três. Geraldo Campos, ocupado com a fundação do PSDB, não se candidatou de novo, enquanto Francisco Carneiro não conseguiu se reeleger na eleição de 1990, e foi vítima de latrocínio no estacionamento do Buriti em fevereiro de 1994.
Nesta eleição 2018, dois atuais mandatários não se apresentam de novo: Rôney Némer (PP), sem ter certeza de obter o registro, e Ronaldo Fonseca (PROS), reclamado por sua igreja. Izalci Lucas (PSDB) visava o Buriti, mas acabou na prática trocando de projeto com Rogério Rosso (PSD), que pensava no Senado. Alberto Fraga (DEM) se lançou ao Governo, sussurrava-se que era balão de ensaio para o Senado, mas acabou mesmo na corrida à cadeira maior.
Sobraram três Federais para concorrer à reeleição. Numa disputa difícil, as apostas são para uma única recondução. E olhe lá. Há várias incógnitas no escrutínio atual, uma delas sendo o quociente eleitoral. Mas a modificação do artigo 109, que permite a distribuição das sobras para todas as coligações, e não só as que obtiveram ao menos um eleito, ameniza a importância do chute no QE.
É também muito árduo palpitar sobre votação de alguns candidatos “estrelas”: Tadeu Fillippelli (MDB) ainda tem os mais de 166 mil votos de 2002? Ou ao menos os 130 mil de 2006? E Flávia Arruda (PR)? Quantos dos 324 mil que escolheram seu marido Zé Roberto para o mesmo cargo em 2002 vão reportar os votos na esposa? Joaquim Roriz (Neto) ficou abaixo dos 30 mil votos em 2014. Mas também tinha chegado na última hora, não fez campanha para valer. Será capaz de dobrar a votação em 2018?
A única coisa certa são as times que foram formados. São 14 coligações ou partidos sozinhos. A metade delas vão ter dificuldades (grandes ou intransponíveis) para ultrapassar 100 mil votos: PSTU (1 candidato só), PCO (4 nomes), NOVO (6 propostas), DC (com 11 candidatos para fazer o maior número de votos pensando no rateio do próximo fundo partidário), PPL (13 candidatos sob a liderança de Campanella, que foi Constituinte após a saída de Márcia Kubitschek), o PSOL (apesar de sua nominata completa apoiando a Maninha) e a coligação PRTB/PRP que terá dificuldade em repicar os votos do General Paulo Chagas.
Duas coligações estarão torcendo para um QE baixo, ou ao menos um total de votos suficientes para buscar uma vaga sobrando: o PT conta com Érika Kokay, de eleitorado garantido, mas os outros grandes nomes do partido foram elencados para a Câmara Legislativa; e a segunda coligação da Eliana Pedrosa, que reúne PTB, PHS, PTC e Patriotas. Tem bons nomes, alguns já testados nas urnas. É pouco provável que um deles ultrapasse os 50 mil votos. Assim, chegar em primeiro lugar será essencial.
Restam cinco coligações a priori asseguradas de eleger ao menos um. O time de Rollemberg (PDT/REDE/PSB/PV/PCdoB) tem três candidatos para uma vaga: Maria de Lourdes Abadia (PSB), Marcos Dantas (PSB) e Prof. Israel Batista (PV). A coligação de Ibaneis (PP/MDB/PSL/AVANTE) é liderada por Filippelli, mas tem também Celina Leão, o retorno à política de Olair “Sapateiro” e Newton Lins.
O grupo principal de Eliana Pedrosa (PMN/PMB/PROS) é liderado por Joaquim Roriz (Neto), e aposta também em Hélio José, Neviton, Tatu e Zé Edmar. A nominata de Federais de Rogério Rosso (PRB/PODE/PSC/PPS/PSD/SD) pode levar à reeleição de Augusto Carvalho, ou titularizar o Professor Pacco (que assumiu a vaga do Rosso licenciado), mas Júlio Cesar, Paula Belmonte e Renato Santana também estão de olho. Um segundo eleito é bem possível. No último time, o de Fraga (PR/DEM/PSDB), a estrela é Flávia Arruda. Laerte Bessa e Paulo Roriz torcem para que a votação dela permita um segundo eleito.
Nessas cinco coligações, se uma eleger dois nomes, será uma sobra a menos. Se forem duas coligações a conseguir duas vagas, só haverá uma cadeira na sobra. Disputada a tapas.