Candidatos ao Buriti trocam farpas e esquecem projetos de governo
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emMuitos ataques desferidos entre si e poucas propostas sobre o que fazer caso seja eleito. Foi isso o que se viu na tarde-noite desta segunda-feira 25, no debate promovido pelo SBT (com participações da Folha de São Paulo e Uol) entre os candidatos ao Palácio do Buriti.
Agnelo Queiroz (PT) foi maldoso com Luiz Pitiman (PSDB), a quem chamou de incompetente, a ponto de ter sido demitido da Secretaria de Obras. O candidato tucano deu o troco. Antes sair do que ficar em um governo corrupto, disse, rebatendo o petista.
Os ataques envolveram todos os candidatos. Até Rodrigo Rollemberg (PSB) foi alvo da fúria dos adversários. “O senhor é braço direito de Agnelo e tem gente no governo do PT”, disparou Pitiman. O senador socialista respondeu dizendo que o tucano não tem projeto de governo.
Pitiman também foi alvo de Toninho do PSOL, acusado de atuar como “linha auxiliar” de José Roberto Arruda (PR).
– O candidato Pitiman é linha auxiliar do candidato Arruda para fazer combate a quem tem posição ideológica. Não estou e nunca fui preso na minha vida por corrupção. Você que apresente suas ideias e não fique como linha auxiliar. Aliás, vocês são do mesmo nascedouro. Vocês são iguais”, afirmou Toninho.
A declaração foi feita após Arruda citar a mulher de Toninho, ex-deputada Maria José Maninha (PSOL), que foi envolvida em uma suspeita de ter recebido dinheiro das FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Irritado, o candidato socialista reagiu citando a condenação de Arruda por improbidade administrativa em segunda instância, que o tornou ficha suja. Ele foi investigado por participação no chamado mensalão do DEM.
Após impugnação do Ministério Público Eleitoral, Arruda teve seu registro de candidatura cassado pelo TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal).
“Falo como psicólogo. Você [Arruda] tem uma personalidade de dissimulação nesse debate, as provas são contundentes, as imagens não deixam dúvida. Minha esposa é ficha limpa. É uma pessoa que sempre defendeu a ética e a saúde. Não é o que você fez quando foi governador”, disse Toninho.
Arruda rebateu e, por sua vez, atacou Toninho de sair em defesa do atual governador, Agnelo Queiroz (PT), candidato à reeleição. “Não venha me atacar como linha auxiliar de esquerda do Agnelo porque isso não cola.”
Quando as perguntas não começavam com ataques, as respostas invariavelmente terminavam neles, com pérolas como “discípulo da inverdade” e “personalidade da dissimulação”. Alguns candidatos também polarizaram a discussão entre “direita” e “esquerda”, acusando-se mutuamente de tentar favorecer adversário de linha ideológica mais parecida.
Saúde, apontada em pesquisas eleitorais como a área mais problemática, foi um dos temas mais questionados, mas os candidatos aproveitavam o tempo para acusar ou alfinetar o adversário. Muitas vezes, a resposta ficava no ar ou incompleta.
Arruda insistia em dizer que foi vítima de um golpe para tirá-lo do poder. “O Ministério Público Federal fez uma ação penal em que sou colocado como vítima de uma chantagem.” Agnelo rebateu: “Foi o DEM, depois o [Joaquim] Roriz, agora sou eu o responsável pelo golpe. (…) Golpe foi desestabilizar toda a área administrativa da nossa cidade”.
Na mesma moeda, Arruda devolvia o ataque: “Você está desesperado porque, se o golpe deu certo e você conseguiu ganhar por WO, agora está trêmulo. Você está olhando pro espelho. Devolveu dinheiro que recebeu de propina. Está lembrando da CPI do Cachoeira e da sua relação com ele, ou da casa que você comprou. Mas estou aqui para falar sobre propostas”.
Em outro momento, questionado pelo Toninho sobre o que pretendia fazer diante da cassação da sua candidatura pelo TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal), Arruda rebatia que não estava ali para “ofender ninguém” para, em seguida, insinuar ligação da ex-deputada federal Maninha (PSOL), que é mulher de Toninho, com as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
“Eu não quero entrar nos detalhes, no dinheiro das Farcs que veio para a Maninha. (…) Eu sei que fui vítima de um golpe, que os vídeos [em que aparece recebendo dinheiro] eram montados. Quero voltar a ser governador para concluir as obras que foram interrompidas.”
E Toninho não deixou por menos. “A mentira não pode prosperar. Atitude fascista do Arruda (…) ao falar sobre a Maninha e uma possível vinculação com as Farcs. Eu não sou ficha suja nem fui cassado do governo por corrupção. Você, sim.”