Prefeitos e vereadores
Candidatos apostam na Astrologia para encher urna de votos
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emO mago da Astrologia, pelo telefone, pede para avisar que no Notebook tem um mapa astral que vai ajudar. Pode ser uma paródia de um dos sucessos de Noel Rosa; mas, intrigante, pode, com certeza, mostrar ‘Como será o amanhã’. Não cabe, porém, como canta Simone, perguntar ‘a quem quiser’. Não há bola de cristal, jogo de búzios ou cartomante. O que existe é a Ciência que estuda os planetas. E que prevê, com a certeza da Matemática de que 2 + 2 = 4, o que podemos esperar do outro lado da porta. Ou, no caso dos políticos, o que surgirá das urnas eletrônicas em outubro próximo.
É o que garante o astrólogo Francisco Seabra, nesta entrevista a Notibras. O o mago, bruxo ou simplesmente Chico Seabra, sustenta, do alto da sua experiência, que candidatos a cargos eletivos este ano (prefeitos e vereadores) apostam na Astrologia para encherem as urnas de votos.
A consulta é simples. Após o envio de mensagem para o WhatsApp (61) 99148-9590 apontando o interesse em seus serviços, o astrólogo responde solicitando os dados de nascimento do político: data, hora e cidade de nascimento, a cidade onde ele comemorou o último aniversário e onde pretende comemorar o próximo.
A partir dessas informações, Chico Seabra calcula o mapa natal e seus derivados, tais como revoluções solares e trânsitos diretos. De posse desses mapas é marcada a consulta presencial ou por Skype, onde o mago fará suas previsões e analisará as chances de o candidato ser eleito.
Francisco Seabra ganhou fama em todo o Brasil e no mundo há vinte anos, quando o programa Globo Repórter produziu dois programas sobre seu trabalho de pesquisa na área da Astrologia, primeiro na Universidade de Brasília e, em seguida, no UniCEUB, elevando esse conhecimento milenar ao patamar do estudo acadêmico.
Distante do estereótipo do místico, sem uso de velas ou cristais, Seabra atende em sua chácara em Pium, uma comunidade próxima a Natal (RN). Lá ele se vale de seu computador à beira da piscina, embaixo de um cajueiro ou um pomar de mangabas. Foi nesse ambiente com um um leve ar de maresia, que Notibras entrevistou o astrólogo.
Veja os principais trechos a seguir:
Seu trabalho se diferencia dos demais astrólogos devido ao seu viés científico. Como se deu este caminho junto ao mundo acadêmico?
Em 2003 criei o curso de extensão Astrologia para Pesquisadores na UnB. Parte dos alunos era de professores daquela instituição, nos departamentos de Medicina, Engenharia e Física. Então, a exigência de um discurso lógico, palpável, fez com que buscássemos sistematizar a Astrologia, até então um conhecimento permeado por entulhos.
Após a experiência na UnB, iniciamos o curso de pós-graduação em Formação e Pesquisa Astrológica no UniCEUB. Foi quando formamos um corpo de pesquisadores e começamos a desenvolver nosso próprio software de cálculo astrológico para atender as premissas resultantes de nossas pesquisas. Hoje dirijo um grupo de pesquisa chamado UniAstro, com professores e pesquisadores de diversas áreas do saber.
O que é possível saber através da leitura de um mapa astral?
O mapa astral é dividido em suas 12 casas, pelas quais podemos discorrer e prever acontecimentos nas mais diversas áreas da existência humana. Porém, os assuntos mais recorrentes são sobre dinheiro, profissão, amor, saúde e, claro, autoconhecimento.
Hoje sua clientela é formada especialmente por políticos?
Minha clientela é formada por pessoas de todo o tipo, com seus múltiplos problemas. Porém é basicamente por profissionais do Jornalismo, da Psicologia, por profissionais do Direito e empresários. A classe política aparece apenas de dois em dois anos, nos períodos eleitorais.
E como se dão essas consultas para políticos?
A consulta é dividida em partes, com mapas específicos. O primeiro passo é fazer o mapa natal, onde veremos se o candidato tem características para seguir a carreira política. Neste primeiro momento verificamos, em especial, a personalidade, intelecto, capacidade administrativa, forma de se comunicar, popularidade, entre outros pontos.
O segundo passo é estudar os dias da eleição e da posse, para verificar as chances de o candidato ser eleito. O terceiro passo é analisar a revolução solar (mapa de aniversário) para saber se aquele ano está favorável para a corrida eleitoral.
E quando o mapa de aniversário não estiver favorável para a eleição, pode ser feito algo para mudar o quadro astral?
A qualidade de uma revolução solar dependerá da cidade ou país onde a pessoa comemorou ou vai comemorar o aniversário. Quando necessário, indicamos outra cidade para ele comemorar a data. Cada caso é um caso: pode ser uma cidade do Brasil ou outra mais distante. Já houve caso de eu orientar o candidato a comemorar o aniversário em Honolulu, no Havaí.
E ele foi? (risos)
Eles sempre seguem minha orientação, porque sabem que estou certo.
Você já atendeu algum caso de políticos onde a consulta teve resultado inusitado ou surpreendente?
Sim, alguns. Posso destacar o caso de um chefe de gabinete de um prefeito candidato a governador do estado. Nesta consulta fiz o mapa do prefeito e do chefe do gabinete, que queria saber se continuaria ou não com seu emprego. Para surpresa de todos, previ que o prefeito não iria se desencompatibilizar para concorrer as eleições. E, caso o chefe de gabinete fosse candidato, seria eleito para deputado federal. E foi exatamente o que ocorreu.
Você atende políticos de esquerda, de direita?
No meu trabalho como astrólogo, meu partido é o destino, seja ele de direita ou esquerda.
*Matéria alterada às 06h01 para correção de texto