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Churrasco em Samambaia

Caneco vira o isopor e some com os pés de porco

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto de Arquivo

Leopoldo, o mecânico mais afamado de Samambaia, gostava de acordar tarde, mas precisava abrir a oficina logo cedo, ainda mais porque havia clientes saindo pelo ladrão. E, por falar em apreciadores do alheio, eis que aconteceu algo por esses dias, que deixou o gajo de cabelo em pé.

Como era sábado, um dos clientes, o Vicente, resolveu fazer um churrasquinho enquanto esperava o Leopoldo consertar seu automóvel, um Opala 1973, verde que nem abacate. Colocou carvão na pequena churrasqueira e ficou por quase meia hora tentando acender o fogo, mas nada. Nisso, o churrasqueiro de primeira viagem foi buscar socorro no Gilmarildo, que sempre andava por ali na caça de boa prosa.

— Gilmarildo, tudo bem?

— Opa, Vicente! Tudo certo! E com você?

— Tudo. Você pode me dar uma força?

— Diga lá!

— Sabe acender fogo?

— Quer incendiar o quê, homem?

— O carvão ali.

— Hum… Vai rolar um churrasquinho?

— É. Comprei um cupim e uns pés de porco.

Gilmarildo, com toda sua expertise de churrasqueiro, conseguiu acender o fogo em poucos minutos, para alegria do colega. No entanto, tal regozijo se transformou em desespero em seguida. É que o Vicente havia colocado as carnes dentro de uma caixa de isopor, que agora estava ali tombada e destampada.

— Ué, cadê meu cupim? Cadê meus pés de porco? – Vicente choramingou.

Busca daqui, busca de lá, busca até de acolá, mas nada de encontrar a carne. Quer dizer, o Leopoldo, percebendo aquela quizumba, ficou cabreiro e, bobo que não era, logo percebeu que naquele mato tinha coelho. Aliás, cachorro!

Não tardou, o mecânico encontrou o Caneco, o vira-lata da oficina, debaixo do Opala do Vicente, degustando os pés de porco. Quanto ao cupim, nem sinal. Certamente já estava no bucho do cachorro.

Para evitar imbróglio com o cliente, Leopoldo resolveu pedir no açougue ao lado um cupim e quatro pés de porco. Todavia, manteve em segredo a falcatrua do seu funcionário de quatro patas. Afinal, apesar de aprontar de vez em quando, era o que lhe dava menos dor de cabeça.

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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