O colapso do ecossistema pode começar muito mais cedo do que os pesquisadores previram anteriormente, sugere um novo estudo. Pontos de inflexão catastróficos, como o derretimento do permafrost do Ártico, o colapso da camada de gelo da Groenlândia e a transformação da floresta amazônica em uma savana podem acontecer na próxima década.
Em termos ecológicos, um ponto de inflexão é quando um ecossistema é perturbado o suficiente para que não seja mais possível retornar à sua forma original. Por exemplo, se o manto de gelo da Groenlândia entrar em colapso, isso resultará em menos neve nas áreas do norte do país, eliminando grandes partes do manto de gelo.
Mas a ciência por trás dos pontos críticos ecológicos ainda está em seus primórdios e não é totalmente compreendida, em comparação com teorias muito mais desenvolvidas, como a mudança climática. Estudos anteriores analisaram apenas o que os pesquisadores acreditavam ser a principal causa do colapso, como o desmatamento na Amazônia, mas não consideraram fatores menores, como o aumento da temperatura ou a degradação do solo.
Os pesquisadores fizeram suas simulações usando apenas o principal fator de colapso, aplicando mais um pouco de randomização para explicar as flutuações climáticas. O grupo finalmente descobriu que, ao considerar outros fatores, o colapso ecológico aconteceu de 30 a 80% mais rápido. Mesmo removendo totalmente o fator principal, 15% dos ecossistemas ainda colapsaram devido a outros fatores.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU usou seus modelos para prever que a Amazônia atingiria seu ponto crítico em 2100 e nenhuma intervenção humana seria capaz de impedir que ela se transformasse em savana depois desse ponto. Mas as novas descobertas indicam que o evento, previsto por modelos anteriores para ocorrer em 77 anos, pode realmente ocorrer entre 2038 e 2077.
“Isso tem implicações potencialmente profundas para nossa percepção de riscos ecológicos futuros”, disse o cientista climático Gregory Cooper. “Embora atualmente não seja possível prever como os pontos de inflexão induzidos pelo clima e os efeitos das ações humanas locais nos ecossistemas se conectarão, nossas descobertas mostram o potencial de cada um reforçar o outro. Qualquer pressão crescente sobre os ecossistemas será extremamente prejudicial e poderá ter consequências perigosas.”