Um estudo sobre o aumento do número de bilionários no mundo divulgado semana passada pelo banco suíço UBS e pela consultoria de Hong Kong Wealth-X nos permite refletir sobre o quão assustadora é a realidade do capitalismo a nível mundial.
De acordo com a pesquisa, o número de biolionários no mundo aumentou 7% e atingiu 2.325 em 2014. Somada, sua fortuna atingiu US$ 7,3 trilhões neste ano, um aumento de 12% em relação a 2013. O patrimônio médio de cada bilionário aumentou 4,4% em 2014, para US$ 3,1 bilhões.
Isso significa que essas pouco mais de 2 mil pessoas acumulam aproximadamente 3% da riqueza das 7 bilhões de pessoas que compõem a população mundial.
Esses números contrastam totalmente com a realidade da esmagadora maioria da população mundial, especialmente da classe trabalhadora, que, ou está desempregada, ou vive em situação de constante humilhação.
A OIT (Organização Internacional do Trabalho) aponta, em um documento divulgado em maio, que o número de desempregados no mundo cresceu em 30,6 milhões desde a crise de 2008.
Enquanto a consultoria Wealth-X estima que, até 2020, serão mais de 3.800 bilionários no mundo, o relatório da OIT afirma que “para 2019, considerando as atuais tendências, o desemprego alcançará 213 milhões de pessoas” e que 85% da força de trabalho nos países em desenvolvimento continuará a viver em 2018 abaixo do que é considerado a linha de pobreza nos Estados Unidos.
Segundo a OIT, mais da metade dos trabalhadores dos países em desenvolvimento (que são cerca de 1,5 bilhão de pessoas) encontram-se em situação trabalhista vulnerável. Cerca de 839 milhões de trabalhadores nesses países ganham menos de 2 dólares por dia, calcula a organização.
No Relatório para o Desenvolvimento Humano da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho, foi revelado que existem atualmente 1,5 bilhão de pessoas vivendo na pobreza (a chamada pobreza multidimensional, que leva em conta a renda e o acesso dos indivíduos e famílias a serviços básicos como saúde e educação).
Se for considerada apenas a renda, há hoje no mundo 1,2 bilhão de pessoas vivendo com menos de 1,25 dólar por dia e 2,7 bilhões com menos de 2,50 dólar.
Ainda conforme o constatado pela ONU, 842 milhões de pessoas (12% da população mundial) passam fome cronicamente, 200 milhões estão desempregadas e mais de 1,5 bilhão têm emprego informal ou precário.
A própria OIT admite que é preciso garantir uma “evolução equilibrada da renda para evitar os prejuízos que acarretam as desigualdades” e que a desigualdade de renda cada vez maior é um fato que afeta tanto os países em desenvolvimento quanto os desenvolvidos.
A pesquisa UBS/Wealth-X revelou que existem 61 bilionários no Brasil, com fortuna de US$ 182 bilhões no total. Os 11 novos bilionários (crescimento de 22% em um ano) fizeram com que o Brasil entrasse na lista dos dez países com o maior número de bilionários no mundo, somando mais bilionários que países como França, Itália, Canadá e Japão.
A fortuna somada dessas 61 pessoas corresponde a 8% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e é maior que a economia de 100 países diferentes, incluindo a Nova Zelândia, que tem um dos melhores índices de IDH do mundo.
Enquanto isso, o País tem 6,1% da população (12 milhões de pessoas) vivendo com menos de 1,25 dólar por dia e seu índice de pobreza multidimensional é de 3,1% da população (6,1 milhões de pessoas).
Analisando os dados, percebe-se mais uma vez que a crise capitalista atual faz com que os grandes burgueses sejam imensamente beneficiados, aumentando seus lucros, enquanto os trabalhadores de todos os cantos do mundo capitalista sofrem na pele as desigualdades inerentes ao sistema.
Pátria Latina