O capitão chorou, não sei porque razão. A muié esteve por aqui. Quem fugiu foi ele. Via vídeo, o chororô soou tipo fake news, mas, pela especialidade da data, devemos considerar as lágrimas menos cinematográficas e um pouco mais preocupantes. Afinal, era a posse de mademoiselle Michelle na presidência do PL Mulher. E o que isso quer dizer além de a ex-primeira-dama arrumar um cascalho por fora? Tudo, inclusive a direção do Partido das Lágrimas ter se conscientizado da necessidade de pavimentar novos caminhos sem o queijo furado em que se transformou a estrada percorrida há pouco mais de quatro anos por Jair Messias.
Também pudera, mas ele não estava acostumado a nada fora da vidinha sem graça de deputado federal. Nos Estados Unidos, para onde fugiu sob o pretexto de não passar a faixa presidencial para Luiz Inácio, passa os dias tentando encontrar rotas bem distantes dos tribunais. Se a ideia era aplacar o ódio acumulado por Alexandre de Moraes, o mito e seu entorno perderam tempo. O ódio, as evidências e os fatos apenas cresceram, melecando cada vez mais a imagem de bom moço do capitão que agora chora. E Xandão está de plantão, torcendo para que as passagens aéreas cheguem logo a R$ 200 e ajudem Bolsonaro a voltar ao Brasil.
Evidentemente, a preocupação das lágrimas tem nome, sobrenome e folha corrida. Como marido, certamente eu estaria do mesmo jeito. Afinal, para quem está longe, as cabeças pensantes e fumegante ardem como uma picanha na brasa. Não quero – e não devo – fazer ilação alguma, mas, embora se trate somente de um plano B, o casamento político entre Michelle e Valdemar Costa Neto pode degenerar e derivar rapidamente para um plano A. E qual seria esse tal plano A? Considerando a possibilidade real de Jair ficar inelegível, a posição de antagonista de Lula da Silva passaria a ser de mademoiselle.
Conhecendo a dificuldade de sua ex-alteza em ser comandado, não sei se a mudança de ordem emocionaria o nosso exilado político, cujo último erro – o das joias do sheik – pode enferrujar de tal forma o futuro político do mito que não haverá plano que sustente o clã. Tudo bem que não foi um assalto, como disse Valdemar. No entanto, R$ 16 milhões em joias é um negócio das arábias. Ou seja, não é qualquer joinha da Rommanel. Não é um balaio de bijuterias falsas compradas na Rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, para revenda imediata na Feira do Paraguai, em Brasília.
Tentar se apoderar do que pertence ao Estado foi o pior dos mundos para quem ainda não se acostumou a ouvir um não. Imagina dizer amém para uma mulher, ainda que a moça em questão seja a sua. Pelo sim, pelo não, o capitão chorou. E não sei por que razão, mas tenho certeza de que o nome dele é Valdemar. Da boca pra fora, o proprietário do PL afirma não ter medo da inelegibilidade do Jair. Mentira deslavada para convencer os patriotas de que, duela a quem duela, ele está fechado com o bolsonarismo. Ainda bem que, por dentro do Valdemar, há o Costa e o Neto.
O primeiro acha que pode tudo, enquanto o outro sabe que, dependendo da decisão de Xandão, é enorme o risco de ser obrigado a voltar aos braços do ex-amigo Luiz Inácio, sob pena de, mesmo com a legenda inchada, ser alijado dos descartes da viúva. Ainda sobre Valdemar, curioso é ele, o mesmo que, da cadeia, comandou a pressão sobre Dilma Rousseff, acenando para a ex-primeira-dama com flores compradas nas barracas do entorno do Campo da Esperança. Respeitosamente, por falar na doutora Michelle, a pergunta que não quer calar: Quem é mesmo a dita senhora?