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Capoeira faz festa de batismo com muita ginga

Tem novos capoeiristas na roda. O batismo, em Sobradinho, ficou a cargo do Bando Matilha Capoeira, com a participação de turmas infantis e de adultos. Como registro histórico, o grupo lançou um videoclipe para marcar a data em que se comemora o Dia do Capoeirista, 3 de agosto.

A festa (e a jinga) pode ser observada no canal do Youtube do Instituto Rosa dos Ventos. O evento ganhou notoriedade por tratar-se da primeira vez em que duas turmas receberam a formação pela via digital, em virtude do estado de exceção vivido pela pandemia do Covid-19.

No decorrer do ano, foram muitos os alunos participantes das aulas online, cujos ensinamentos passaram pela base da capoeira e pelas tradicionais manifestações como a puxada de rede, a dança do fogo e o maculelê, As aulas culminaram na formação de duas turmas ao fim do processo.

Além dos clássicos ritos de passagem típicos de batizados de Capoeira Regional e Angola, a formatura dos 16 iniciantes — 6 do grupo infantil e 10 da turma adulta — foi contemplada pela apresentação do espetáculo teatral Bê-a-Bá do Berimbau, obra montada pelo grupo no âmbito do Circuito Candango de Culturas Populares, obtendo significativa repercussão e aceitação pública por onde passa.

Talison Marinho, líder do grupo, relata sobre o processo de aprendizagem digital proposto: “Quando a pandemia começou a assolar todo o planeta, a escola onde tradicionalmente praticamos nossa arte teve de ser fechada. Ficamos sem local de treino e, imediatamente, nossa primeira opção foi a de retornar às raízes da capoeira, reunindo nosso grupo em uma mata, ali mesmo em Sobradinho. Diante desse panorama, pensando em solucionar o problema gerado pelo risco do encontro presencial, em meados de julho do ano passado, iniciamos uma abordagem a distância, por meio de plataformas digitais. Com o auxílio dos aplicativos Instagram e Whatsapp, por meio dos quais as aulas eram passadas, conseguimos manter nosso trabalho. O modo de execução dessas instruções foi a gravação e a disponibilização de vídeos com duração média de 1 minuto, nos quais professores executavam movimentos, toques, cantos, exercícios, além de fornecer explicações técnicas, históricas e feedbacks sobre cada aprendizado proposto. Também eram discutidos temas relacionados à cultura da capoeira e, pelas mesmas vias, todos os alunos podiam tirar dúvidas e fazer sugestões”.

Ao todo, a formação de crianças e adultos na arte da capoeira durou mais de 1 ano, em modo virtual, até a retomada das classes presenciais entre março e abril de 2021. O projeto é um dos territórios contemplados pelo Circuito Candango de Culturas Populares conduzido pelo Instituto Rosa dos Ventos e fomentado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

De acordo com Stéffanie Oliveira, presidente da Rosa dos Ventos, “o projeto superou as barreiras impostas pelo isolamento social e reinventou suas práticas pedagógicas para não deixar de instruir seu alunado e difundir essa cultura ancestral. O desafio de manter o interesse dos formandos e a eficiência das instruções pela via virtual foram superados pelo Bando Matilha com excelência e as novas turmas formaram-se com êxito. Foi mais um ato de resistência dessa arte tradicional secular que segue demonstrando o porquê de ser considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Assim, surpresas com essa superação, agradecemos pelo esforço do Bando e seguimos na torcida para que esse difícil período seja amenizado com o avanço das vacinações”.

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