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Caravana passará, com ou sem as matilhas nas ruas no dia 7

Esplanada dos Ministérios recebe preparativos para o desfile cívico-militar de 7 de Setembro

Com o coração de D. Pedro em exposição pública, estamos às vésperas da semana da Independência. No dia 7, comemoramos 200 anos de liberdade do jugo português. Em outubro, além de mais uma eleição presidencial, festejamos 33 anos de emancipação política, após 25 longos anos de ditadura militar. Nada cabalísticos, os números suscitam pelo menos três clássicas perguntinhas: O povo precisa de mais alguma coisa para se convencer de que, pior do que um crime político, manifestações contra a democracia são um atentado contra a sociedade ordeira, pacífica e correta? Sinceramente, acho que não. Quase quatro anos depois da posse de um presidente que jurou transformar o Brasil em pátria terrivelmente honesta e rapidamente em potência econômica e social, o que temos para comemorar? Nada. Que preço pagaremos se mantivermos o atual status quo? Talvez uma existência.

Muito fáceis, as respostas estão estampadas diariamente nas páginas dos principais jornais e sites do país que um dia já foi uma das maravilhas do mundo. Hoje, somos pária. Apenas isso. O castelo de engodos montado sobre encostas de mentiras e de fake news ruiu feito um monte de areia atingido por fortes ventos da paz. Construído para navegar sei lá quantos anos, o barco do ódio, do negacionismo e da maledicência fez água. O casco furou sem qualquer chance de conserto. Antes disso, da noite para o dia, o que parecia um sonho dourado transformou-se em pesadelo maquiavélico e sombrio, quase uma interminável noite. Definitivamente, o Brasil e os brasileiros não são masoquistas. Por isso, o crescimento da torcida pelo fim de um pequeno, mas tenebroso, período de trevas.

Por que insistir com um mandatário que vive e governa atacando, agredindo, ameaçando e xingando quem ousa reagir a seus desmandos? Como conviver com um líder que não está acostumado com o confronto? E como aprovar um chefe de Estado que, esquecendo a possibilidade de se tornar estadista, prefere confrontar quem interferir em seu caminho de truculência e perseguição? O presidente do Brasil é exatamente tudo isso, sem tirar nem pôr. Ele só se sente bem entre os mesmos. O fracasso é retumbante quando ele deixa o cercadinho, onde o público é seu e onde as pessoas, também conhecidas por fanáticos apoiadores, fazem exatamente as perguntas que ele quer ouvir e responder. Eis a questão! Então, como manda a lei de Maquiavel, o script do presidente da República é claro: aos amigos, as benesses e os favores, aos inimigos o peso da lei, o chicote, a borduna e, se pudesse, a masmorra.

Ao contrário da prosperidade prometida durante a campanha de 2018, desde a posse, em janeiro de 2019, experimentamos o endurecimento econômico-social. Tudo bem que a pandemia de Covid-19 tem sua parcela de culpa. No entanto, países que sofreram muito com o vírus conseguiram dar a volta por cima. O Brasil de Bolsonaro parece um pião: patina, derrapa e não sai do lugar. O cenário ilusório que parte do eleitorado comprou – e continua comprando – é de terra arrasada. Em outras palavras, o mundo encantado de Jair Messias e a vida real estão mais distantes do que os 100 anos de sigilo imposto pelo bolsonarismo ao indigno e escorchante orçamento secreto, à gatunagem no MEC, à seu cartão de vacinação, ao processo sobre o ex-ministro Pazuello, ao acesso dos filhos ao Palácio do Planalto e ao processo de “rachadinhas” envolvendo o filho Flávio Bolsonaro.

Tudo sob o argumento de que a vida dele não interessa a ninguém. Ele é um homem público, com cargo eletivo bancado com dinheiro do contribuinte. Portanto, é claro que interessa. Não bastasse isso, muito mais do que uma violência contra a lei, a imposição serviu para encobrir o que? Mistério!!!! Por que esconder coisas que deveriam ser públicas? Os terrivelmente honestos de verdade cobram respostas para estas e outras questões. Querem saber, por exemplo, a razão pela qual o presidente, em seu estado puro, insiste em ferroar a liberdade nacional como o escorpião picou o sapo que o ajudou a atravessar o rio. Acreditar, sem margem de erro, em mudança de comportamento é se esquecer da lenda do escorpião e do sapo, que é uma fábula sobre como pessoas cruéis não conseguem deixar de prejudicar os outros, mesmo quando não é do seu próprio interesse. É da natureza delas.

Tudo a ver com o fervor demonstrado por Bolsonaro ao comprovar que dará a vida por mais quatro anos de governo de uma nação reconhecidamente no buraco. Com certeza não se trata apenas de um arroubo. Talvez, a necessidade de concluir desejos pessoais, familiares e certamente nada republicanos. Seja lá o que for, resta-nos a esperança de que a Semana da Pátria nos traga algum alento e nenhuma nova ameaça à democracia. No Sete de Setembro, o povo quer, no máximo, ver desfiles cívicos, sem armas ou demonstração de força.

Expressiva parcela do brasileiro vai votar no dia 2 de outubro confiante nas urnas eletrônicas e preocupada com a fome, com o desemprego e com a inflação. Sabemos que a minoria convertida à nova ordem nacional não prega os mesmos interesses. São os que exaltam o glamour da Paulolândia ou da Guedolândia, mundos de fantasia do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os que vivem com os pés no chão têm consciência de que sem luta não há vitória. Sabem também que os cães ladram, mas não são capazes de impedir a passagem da caravana. Que o coração de D. Pedro permaneça em paz.

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