Mandato circense
Carentes de ideias, perebas do Congresso vivem para tumultuar
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emE o Oscar da política em 2024 vai para…..o patriotismo hipócrita e desnudo. Infelizmente, não vai. Já foi. Mas certamente não vai mais. Com a participação de Jair Messias cada vez mais clara na tentativa de golpe logo após a vitória de Luiz Inácio, o bolsonarismo chamado raiz está saindo das cordas e entrando nas primeiras sacolas que encontram pela frente. Acabou? Ainda não. Talvez nem acabe, mas nunca mais incomodará o Brasil com suas estripulias circenses em busca do poder. E pouco importa se os loucos que se mantêm de pé continuam aprontando baixarias e palhaçadas por onde passam. Aliás, isso eles fazem com tal maestria e desenvoltura que até os programas de humor se tornaram desnecessários para as emissoras de TV.
Para garantir a audiência, basta que os diretores de programação ou de jornalismo das TVs criem links diretos das manifestações envolvendo os bárbaros e as marionetes do ventríloquo e, agora, das comissões de Constituição e Justiça e de Educação e Cidadania da Câmara. Antes fundamentais para o andamento das propostas do governo e para a educação nacional, hoje os colegiados são comandados, respectivamente, pelos deputados Carol de Toni (SC) e Nikolas Ferreira (MG), ambos vinculados ao PL de Valdemar Costa Neto e conhecidos até pelos meninos da quinta série como extremistas sem futuro, sem projeto, sem ideias e sem tutano.
Com mandatos eminentemente circenses, eles são a prova de que a proposta do PL e do bolsonarismo é prejudicar o governo Lula, consequentemente o país. Na cabeça de ameba que demonstram ter, os dois “perebas” do Congresso devem achar que, atrasando qualquer proposição federal, ganharão espaço nas lives do Jair e, quem sabe, se cacifarão politicamente e conseguirão o que os outros não conseguiram em 8 de janeiro: derrubar um mandatário democraticamente eleito. Além de pobres de espírito, de cultura e de caráter, falta-lhes o básico para sonhos de saltos mais altos em 2026: votos. O raio da doidice humana não cai duas vezes no mesmo lugar.
Por isso, a menos que o povo brasileiro queira se engasgar com o próprio vômito, dificilmente Carol, Nikolas e seus iguais voltarão para contar o que não fizeram por absoluta ausência de conhecimento político. Criado à imagem e semelhança do Jair, Nikolas Ferreira, também conhecido em determinadas rodas por Chupetinha, é aquele mesmo que, sem ter o que dizer, costuma se aboletar na tribuna da Câmara para, usando o palavreado de sua infância do tipo Casseta e Planeta, agredir seus adversários (e são muitos) com palavrões de quinta categoria. Chega a ser comovente o entusiasmo imberbe com o qual ele ataca gregos e baianos exclusivamente para salvaguardar a imagem descabelada do líder eterno.
Carol de Toni, Nikolas e todos os demais adeptos do circo mambembe do mito deveriam saber que poucos ou nenhum brasileiro têm mais dúvida de que o objetivo do bolsonarismo é tumultuar o Executivo federal, impedindo que o Brasil cresça e apareça. Como eles não conseguiram isso, melhor que ninguém consiga. Também poderiam ser informados sobre a frustração dos eleitores em vê-los “dirigindo” comissões que já foram presididas pelos de deputados Arthur Lira, Sigmaringa Seixas, Antônio Carlos Biscaia, Henrique Eduardo Alves, Roberto Magalhães, Arnaldo Faria de Sá, Danilo Cabral, Caio Narcio e Pedro Cunha Lima. Diria que, comparado a eles, vocês não seriam sequer o bagaço da laranja.
Coisas do Brasil de doidões varridos. São os tais que fingem não perceber que, apesar de alguns deslizes do atual presidente, o país retomou o crescimento, voltou a ter peso na comunidade e, de forma significativa, prosperou após o fiasco dantesco da extrema-direita raivosa, pegajosa e indoutrinável. Se pudesse aconselhá-los, sugeriria rápida leitura à entrevista do ex-vice-presidente Hamilton Mourão. Atual senador da República, Mourão decidiu fazer um mea culpa e didaticamente disse que o fim do governo Bolsonaro foi melancólico e que a derrota nas urnas deveria ter sido admitida. Os hábitos da caserna impedem a turba de atender à voz da razão. Tudo bem, mas pelo menos tenham a honradez de engolir o pepino, o rabanete e o nabo pelas vias normais. Perder não é demérito. Triste é imaginar que a vitória ainda virá
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978