Carimbo pode melar disputa e CPI dos Ônibus obrigar RR a ligar farol
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emEla é uma sexagenária natural de Curitiba, trazida para Brasília pelas mãos de Agnelo Queiroz, o cirurgião governador, para operar uma bacia. Precisamente a Bacia 4, que abrange o transporte coletivo por meio de ônibus das populações de partes de Taguatinga e Park Way, e ainda Ceilândia, Guará e Águas Claras. A empresa Auto Viação Marechal veio, viu e venceu a licitação que tomou as paradas e vias expressas daquelas cidades. Mas há dúvidas sobre a legalidade do resultado do certame em favor da Marechal.
Documentos que chegam à CPI do Transporte, estacionada na Câmara Legislativa do Distrito Federal, apontam para um eventual cancelamento da concessão daquela bacia. Desde o início do anunciado processo de enfrentamento que Agnelo deflagrou contra os antigos concessionários (os de sempre), especialistas alertavam sobre diversos equívocos técnicos e legais do novo desenho de transporte coletivo adotado pelo governo do PT.
A Marechal comanda atualmente uma frota de mais de 460 ônibus, que se não são, deveriam ser novos. O problema maior ainda está por vir, só não há previsão de quando. Outro lote, o da Bacia 3, vencido pela Viação HP-ITA (Urbi), que atende o Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas e Riacho Fundo 1 e 2, poderá ser questionada, acreditem, por um carimbo que desclassificou uma grande empresa de São Paulo. Nessas rotas outros 500 ônibus trafegam.
O fundamento para a trapalhada seria a urgência que Agnelo, dizem observadores, tinha em trocar os feudos que dominaram o transporte de ônibus na Capital desde a sua inauguração. Dois deles, Canhedo e Constantino, migraram para o transporte aéreo com as companhias Vasp e Gol. Sinal de que linhas de ônibus em Brasília, ao contrário do que dizem empresários do setor, podem ser, sim, um negócio vantajoso, capaz de alavancar outras atividades. E horizontes muito mais altos.
Agora concorrentes exigem que a CLDF, o TCDF e o Buriti tomem providências e cancelem as concessões dadas a Marechal e Urbi. Seria um ato legal, em caso de comprovação das irregularidades, mas não uma decisão tão objetiva, que juristas admitem merecer um exame cauteloso por envolver um serviço de utilidade pública.
Existe um exército de interessados no fracasso das atuais concessionárias que não vão se render e entregar um território do qual todos os empresários reclamam, mas todos querem. É curioso esse setor de transporte coletivo urbano. Se o GDF oferecer a concessão do Metrô à iniciativa privada, não haverá um único interessado. Mas a de linhas de ônibus é uma batalha sangrenta entre as empresas. Definitivamente não deve ser um negócio tão ruim assim, mesmo em uma unidade da Federação onde, argumentam as empresas, não existe o pinga-pinga de passageiros durante os percursos, como em outras cidades.
Os modelos alternativos sucumbiram, vans e cooperativas entregaram as armas e só os piratas ressurgem a cada paralisação de rodoviários. Mas piratas são piratas, desde os gregos. O Distrito Federal não foi capaz de dar continuidade ao único modal de transporte coletivo indicado como solução que é o metrô. Ou quaisquer outros sobre trilhos.
Os documentos que circulam hoje nas grandes bancas de advocacia de Brasília podem consumir todo o combustível da Marechal, que corre o risco de ficar a pé. Ou da Urbi se o carimbo que faltou não fizer falta. Há gravações, por outro lado, ouvidas por Notibras, que apontam movimentos de conhecidos políticos brasilienses, ex-secretários do GDF e parentes de parlamentares para minar as licitações.
O denunciado pelo Ministério Público local, Marco Antônio Campanella, na época diretor geral do DFTrans, se exauriu em entrevistas na mídia para anunciar maravilhas do novo modelo de transporte candango autorizado por Agnelo Queiroz. Depois, nos bares, a conversa era a de que os ônibus anunciados como novos haviam sido montados sobre plataformas de caminhões e outras lendas. Tem lógica. Nenhuma montadora de ônibus é capaz de entregar mais de um milhar de veículos de uma hora para outra. Seriam necessários muitos meses para suprir as empresas e cumprir o contratado.
Que tem cheiro de óleo queimado, ah… isso tem. Se os documentos sob suspeição sempre estiveram lá nas propostas apresentadas nas licitações vencedoras, o TCDF embarcou no coletivo sem saber o destino da linha. Humm… Se o Buriti atropelou as irregularidades sem olhar o retrovisor, vai ser acusado de omissão de socorro. Hiii! E o MPDFT? Vai ficar de prontidão na parada esperando, esperando, esperando…
Será que o secretário fantasma do Buriti, aquele que usa o papel higiênico pago pelo contribuinte, usa farda também? Sentido! Ou é um urbanoide como outro qualquer? Está na hora de ligar os faróis altos, Rollemberg.
Kleber Ferriche