Aumentar a representação regional na produção de pesquisa de Sociologia, incorporar a participação das novas gerações de sociólogos – que cada vez mais se qualificam academicamente –, promover seminários nas regiões do país, ampliar as relações com países do sul e do norte.
Essas são algumas das ideias do professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Benedito Martins, que a partir de 28 de outubro presidirá a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). O mandato segue até 2017.
Benedito será o segundo docente da UnB a assumir o cargo mais alto da instituição. Antes dele, em 2005, Maria Stela Grossi atuou na função. “Isso é um orgulho para o Departamento de Sociologia”, afirma o representante recém-eleito. “Os presidentes da Sociedade são oriundos de departamentos e de instituições prestigiosos, o que revela a qualidade e a visibilidade do nosso Departamento e o prestígio da UnB”.
A UnB assumiu o compromisso de, em julho de 2017, sediar a 18ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia. “Começamos a fazer reuniões no nosso Departamento para pensar coletivamente a estrutura do evento. Com certeza um congresso científico como esse mobilizará muitos alunos das ciências sociais”, aposta.
PROJETOS – Benedito, que hoje ocupa a vice-presidência da SBS, detalha os planos para o mandato. Um deles é aumentar a penetração dessa área de estudo no cotidiano das pessoas. “A Sociologia pesquisa sobre os mais diversos temas relevantes da sociedade brasileira contemporânea. No entanto, é comum que fiquem restritas ao âmbito interno dos sociólogos. Precisamos criar mecanismos de divulgação desses trabalhos para um público mais amplo e esclarecer para os cidadãos como os diversos fenômenos que ocorrem no país ou numa dimensão global afetam suas vidas”, ressalta.
Outra pauta já pensada pelo futuro presidente é intensificar a participação da entidade na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com o objetivo de ampliar o diálogo da Sociologia com as outras ciências que integram a entidade.
Martins prevê ainda a criação de novos comitês na SBS para atuar sobre temas como o ensino da Sociologia na graduação – sem deixar de abordar ensino médio e pós-graduação –, a discussão sobre ética na pesquisa, as relações acadêmicas internacionais, e possíveis melhorias para a Revista Brasileira de Sociologia. “Esses comitês, que geralmente têm cinco membros, deverão integrar as diferentes regiões do Brasil e as diferentes gerações de cientistas também”, afirma.
O presidente eleito da Sociedade Brasileira de Sociologia também tem intenção de promover, em 2016, seminários temáticos de baixo custo e com um mesmo tema a ser discutido nas diferentes regiões do país. Um assunto cogitado para o primeiro evento é a reflexão sobre a Sociologia que se faz no Brasil e suas diferentes facetas, como seu desenvolvimento, institucionalização, utilização de teorias e de métodos em diferentes regiões do país, seu espaço público na sociedade brasileira, o que já foi realizado e a identificação dos novos desafios da sociologia brasileira diante de um contexto cada vez mais globalizado.
Além de professor titular do Departamento de Sociologia da UnB, Carlos Benedito é pesquisador do CNPq, com doutorado e pós-doutorado nessa área do conhecimento – o primeiro pela Universidade de Paris e o último pela Universidade de Columbia. Entre outras atividades, nos últimos dez anos, foi Visiting Scholar em instituições estrangeiras, como Universidade de Oxford (EUA), Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (Portugal), École des Hautes Etudes en Sciences Sociales (França) e Universidade de Berlim (Alemanha).
Marcela D’Alessandro