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Carlos Sena revolucionou sistema de rádio com o ‘Pau que Fala’

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José Escarlate

Ele foi pioneiríssimo de Brasília. Carlos Sena veio transferido do Rio em 1957 e marcou com muitas estrelas sua participação na construção da cidade. Sena era agitado, movimentava-se como poucos, não parava um minuto. Além do emprego de origem, da Velhacap, ele decidiu criar um serviço de alto falantes, que ficavam no alto dos postes de madeira, na então Cidade Livre, onde morava com a mulher, Cleusa.

Espalhou as cornetas pelo arremedo das quatro avenidas. Com o som cobrindo a cidade, estava criada a mini rádio, “A Voz de Brasília”. Com uma máquina de escrever portátil, preparava os textos, que eram lidos todos os dias, por ele e pelo amigo Antoine Haddad. A programação era de músicas, oferecidas aos apaixonados, aniversariantes, os saudosos de suas cidades e aqueles que queriam fazer amizade, além da linha de utilidade pública.

O candango chamava “A Voz de Brasília” de “pau que fala”. Sena foi o primeiro corretor de publicidade da Cidade Livre. Além dos comerciais das lojas, das empresas imobiliárias e das construtoras, a publicidade era transformada em utilidade pública, feita por ofertas de empregos, sendo seus principais clientes as empreiteiras e as imobiliárias que vendiam lotes. Além disso, as empreiteiras anunciavam na rádio para adquirir mão-de-obra.

Havia pedidos de pedreiros, marceneiros, pintores, todo o tipo de trabalhadores. Os caminhões dessas empreiteiras encostavam na porta do estúdio improvisado, os anúncios iam para o ar e, em pouco mais de quinze minutos, estavam lotados. Quem precisava de emprego já tinha pouso certo. A porta do estúdio virou agência de emprego.

PV

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