Marta Nobre
Acabou o mistério – embora o texto fique em segredo. Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, homologou nesta segunda-feira (30) as 77 delações da construtora Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. Sabe-se que mais de 50 ‘tubarões’ da política foram denunciados por executivos da construtora.
Até segunda ordem, porém, será mantido sigilo em torno das declarações feitas pelos empresários. Ou seja, nenhum nome de supostos envolvidos em corrupção com aquela construtora será tornado público. Ao menos por ora. A documentação segue agora para a Procuradoria Geral da República.
Como presidente da Corte, Cármen Lúcia é uma espécie de plantonista durante o recesso do Judiciário, que termina na quarta-feira (1º). Nessa condição, ela é responsável pelas medidas urgentes no tribunal durante o recesso e, por isso, tem legitimidade para tomar a decisão sozinha.
Essa prerrogativa foi reforçada pelo pedido de urgência protocolado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Só após essa etapa, o Ministério Público Federal pode usar o material para iniciar investigações formais contra autoridades e políticos com foro citados pelos delatores.