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Cármen Lúcia quer acabar com submundo das prisões

Rafael Moraes Moura e André Dusek

Em sua primeira “blitz” para conferir a condição dos presídios brasileiros, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, encontrou nesta sexta-feira, 21, uma única cela com 30 presas, visitou uma penitenciária com capacidade para 290 presos mas com 547 detentos e passou por corredores escuros com marcas de incêndio. Cármen começou pelo Rio Grande do Norte a maratona de viagens que pretende fazer por todo o País.

“A verificação in loco é exatamente pra saber o que se tem, o que é preciso fazer para melhorar, de tornar mais dignas as condições de cumprir as penas tal como a legislação brasileira prevê”, disse a ministra a jornalistas.

Segundo Cármen, o objetivo da visita é estabelecer pontes com as autoridades estaduais, no âmbito do Judiciário e do Executivo, no sentido de discutir medidas e adotar providências para melhorar as condições da população carcerária.

“A ideia é tentar adotar medidas e providências necessárias junto com outros órgãos do Poder Executivo, para que a gente possa melhorar essas condições efetivamente. Onde há excesso de presos, ver como a superlotação pode ser superada, ver onde há presos provisórios, como ajuizamos com os juízes. O número de presos provisórios é muito grande, em condições absolutamente degradantes, é exatamente para isso que estou vindo”, disse Cármen.

O combate à situação precária dos presídios é uma das prioridades da gestão de Cármen à frente do CNJ, órgão que desenvolve ações voltadas para o sistema carcerário, a execução penal e medidas socioeducativas. Entre os principais problemas do sistema prisional apontados pelo CNJ em todo o País estão a superlotação, o déficit de servidores, a falta de políticas de reintegração social voltadas para os presos e os índices de mortalidade, por conta de surtos de doenças como tuberculose, HIV, hepatite e sífilis.

No Rio Grande do Norte, Cármen visitou a penitenciária federal de Mossoró e depois o Centro de Detenção Provisória de Parnamirim e a Penitenciária Estadual de Parnamirim, município a 14 km de Natal. Os dois presídios de Parnamirim estão com superlotação e condições físicas “muito ruins”, segundo a ministra. “Vamos ver quais providências podem ser tomadas”, disse Cármen.

Entre as soluções que deverão ser discutidas estão o monitoramento da destinação de recursos do Fundo Penitenciário Nacional, a retomada de mutirões carcerários e forças-tarefas, além da capacitação profissional de presos e o aperfeiçoamento dos diagnósticos elaborados pelo CNJ, no sentido de tornar os juízes das varas de execução penal fiscais da política penitenciária em cada presídio.

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