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Carne paga carona cara na passagem aérea e os preços vão lá para cima

(Setembro passou
Outubro e novembro
Já tamo em dezembro
Meu Deus, que é de nós…)

A letra de Patativa do Assaré, eternizada na voz de Luiz Gonzaga, está mais viva do que nunca nos corações e mentes dos nordestinos. Mês sim, outro também, o povo sofre com uma inflação galopante. E Lula, que prometeu fartura para a região, como Dom Bosco previu leite e mel para o Centro-Oeste, já não é tão endeusado assim. A inflação que corrói o minguado orçamento de milhões de famílias da Bahia ao Maranhão virou uma tortura. E a tendência é piorar.

Diante de uma inflação oficial do governo (0,39% em novembro) o povo tem mesmo é que se queixar. Humilde, o nordestino não entende como o IBGE revela índices baixos, quando a realidade apresenta justamente o oposto. O preço da carne disparou. Pegou carona nas passagens aéreas e foi lá para cima. Carona cara – e sobrou para o pobre pagar o pato.

Se comparada aos números de outubro, a inflação perdeu força. Mas não significa que os preços caíram. O quadro é triste: o item alimentação e bebidas subiu 1,55%, o que representa 0,33 p.p. da inflação total. O maior impacto veio das carnes, que aumentaram 8,02% (0,20 p.p. de impacto no índice). A alcatra, por exemplo, ficou 9,31% mais cara. Já o contrafilé aumentou 7,83%. E o que dizer da vilã passagem aérea, que deu um salto de 22%?

Os dados divulgados pelo IBGE são preocupantes. No acumulado de 12 meses, a inflação oficial soma 4,87%, acima da meta do governo (de 3%), com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. É também o maior acumulado desde setembro de 2023. No acumulado do ano, ou seja, de janeiro e novembro, o IPCA já está em 4,29%.

“Caso o índice seja superior a 0,20% em dezembro, a inflação ficará bem acima da meta”, avalia o gerente da pesquisa, André Almeida. E aumento de preços é o que mais tem: além da carne a passagens aéreas, dispararam os preços dos cigarros, com impacto de 15%, pacote turístico (4,12%) e hospedagem (2,20%). Se o Nordeste esperava movimentar a economia com as festas de fim de ano, o quadro mudou. Até que surja outra primavera, o verão será quente. E o outono queimará os pés-de-meia como folhas mortas.

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