Desenham-se antecipadamente em diferentes cidades do país, em especial do N0rdeste, cenários imaginários da política brasileira. Tudo fruto de rumores de um evento cada vez mais real e dramático: a prisão de Jair Bolsonaro. Como em um velório daqueles que fazem história, grupos peculiares são – as carpideiras.
São as típicas senhoras de véu negro e soluços ensaiados. São as que se vendem ideologicamente. Choram lágrimas retóricas e se armam de celulares prontos para transmissões ao vivo.
É um misto de tragédia e comédia. As “enlutadas” não choram apenas a perda de um líder; choram o que consideram ser o fim de uma era. Há gritos de “injustiça!”, menções à “perseguição política” e, claro, teorias conspiratórias que unem tudo, do Supremo Tribunal Federal à Organização das Nações Unidas, como uma narrativa de um complô internacional contra o Mito Messias – em todos os sentidos do nome.
Enquanto isso, um público atento observa de longe, oscilando entre risos irônicos e reflexões sombrias. Afinal, se é realmente o “enterro político” de Bolsonaro, o que virá depois? O sepultamento de um ciclo ou a germinação de novas narrativas polêmicas? O Brasil é mestre em reinventar vilões e heróis; talvez o velório seja só mais um ato no espetáculo.
E as carpideiras, coitadas, tornam-se símbolos involuntários. São a expressão exagerada de uma paixão política que mistura fé cega e desespero teatral. Algumas, talvez, já estejam pensando em abrir uma startup: “Lágrimas sob Demanda – Cobertura para todo tipo de escândalo político.” Afinal, na política brasileira, a demanda nunca seca. E arde como o sol inclemente que faz até pedra transpirar no sertão nordestino.