Os trabalhadores do Centro de Distribuição dos Correios de Pilares, na zona norte do Rio, realizaram assembleia no fim da manhã desta terça-feira (12) e decidiram manter a paralisação, que já dura cinco dias. Até o momento não houve acordo entre patrões e funcionários, que reclamam dos constantes assaltos e reivindicam mais segurança. Após a assembleia, os servidores decidiram ir até a sede da empresa na Cidade Nova, no centro da capital, para tentar se reunir com o diretor regional dos Correios, Omar de Assis Moreira.
De acordo com a diretora do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), Rosimeri Leodoro, a greve continua por tempo indeterminado, até que as reivindicações sejam atendidas. “Estamos indo para o prédio dos Correios porque o que nós queremos de fato, é segurança para o trabalhador. Tem que ter um documento e a escolta para o pessoal que está na rua. Nós vamos à sala do diretor regional tentar negociar”, disse Rosimeri.
As atividades foram paralisadas na última quinta-feira (7) por falta de segurança na unidade que teve vários veículos de entrega de encomendas roubados nos últimos meses. Com a paralisação, milhares de correspondências não foram entregues e o atendimento na área que abrange os bairros da Abolição, Piedade, Pilares, Cavalcante, Inhaúma, Thomaz Coelho e parte de Benfica, ficará prejudicado.
De acordo com Paulo César da Silva, diretor do Sintect-RJ, a empresa mandou um segurança patrimonial, mas ele não cumpre o horário. “A gente reivindica a questão da segurança dos trabalhadores porque não tem condições do funcionário trabalhar com essa ameaça. Tem trabalhador aqui que já foi assaltado 21 vezes e trabalhadores que já foram sequestrados. Nós estamos pedindo um segurança patrimonial e escolta para os carros que fazem a entrega. A empresa usou um critério e colocou um guarda patrimonial na unidade, mas só que o horário de expediente do guarda é das 9h às 19h e o trabalhador chegou aqui ontem meio-dia e hoje esse trabalhador da guarda patrimonial chegou às 10h30”, explicou.
Segundo o sindicato, nenhum representante da empresa compareceu na unidade de Pilares e as negociações estão sendo feitas por telefone. O sindicato informou também que a empresa quer descontar os dias parados dos funcionários.
“Ainda não apareceu ninguém da empresa aqui na unidade para negociar com os trabalhadores, então a unidade ainda permanece paralisada. Existe a possibilidade da empresa cortar o dia do trabalhador, só que a gente está se encaixando na questão da lei da greve, mas mesmo assim a empresa está dizendo que vai cortar o dia dos trabalhadores. Então a gente está querendo que um representante da empresa venha aqui para negociar esses dias paralisados. A gente quer que esses dias paralisados sejam de compensação, ou seja, a gente trabalha nos sábados e faz hora extra até cumprir as horas dos dias paralisados”, disse Paulo César.
Em nota, a empresa informou que as reivindicações relativas ao reforço das medidas de segurança na unidade já foram atendidas pelos Correios, inclusive com a alocação de um vigilante e uma parceria com as autoridades de segurança estadual e federal na prevenção a assaltos. Segundo a empresa, está sendo negociado um acordo coletivo de trabalho com representações nacionais dos empregados desde a semana passada, em Brasília, e a segurança é um dos itens tratados.
A empresa disse ainda que vem mantendo contato direto com o 3º Batalhão da PM que já providenciou o policiamento ostensivo na região e que na sede da empresa, no Rio de Janeiro, funciona o Núcleo de Repressão a Crimes Postais, órgão da Superintendência da Polícia Federal, com atribuição exclusiva de apurar os delitos postais e investigar os roubos, identificando quadrilhas que atuam contra os trabalhadores dos Correios e contra o patrimônio público. Os Correios também prestam assistência médica e acompanhamento psicológico aos profissionais que são vítimas de violência.
De acordo com os Correios, parte dos carteiros retornou hoje as atividades e, durante a paralisação temporária, a empresa adotou medidas para garantir a entrega das correspondências. Os dias parados serão descontados conforme prevê a legislação vigente. Cerca de 38 carteiros e 14 funcionários trabalham na unidade. Segundo o sindicato, as pessoas só conseguem retirar as encomendas do serviço de Sedex, já as correspondências não estão sendo entregues e só serão normalizadas com o fim da greve.