A Casacor deste ano apresenta 19 espaços intitulados ‘casas’, ou seja, unidades habitacionais autônomas – com ao menos uma sala, quarto, cozinha e banheiro –, que, diferenças de estilo e escala à parte, guardam uma preocupação comum: reunir as pessoas. Seja em torno de uma grande mesa na cozinha, sobre múltiplos sofás espalhados pelo jardim ou, simplesmente, acomodado em uma confortável poltrona para contemplar a paisagem.
“A casa hoje deve ter vida no sentido de acontecer e servir a quem nela mora. Não temos mais uma sala só para ver TV, ou outra apagada durante a semana. A casa deve transmitir vida em todos seus ambientes”, declara o arquiteto João Armentano, que ao lado de Roberto Migotto, Debora Aguiar, Dado Castello Branco e Arthur Casas integra o circuito das casas, definido por muitos como o ponto alto desta edição, principalmente pelo arrojo de suas propostas.
De construção rápida, sem resíduos ou uso de água, o projeto de Arthur Casas, em parceria com a startup Syshaus, encantou o público jovem pela diversidade de acabamentos oferecida e pela rapidez de sua construção. Já Dado Castello Branco inovou ao colocar um home office dentro da cozinha. “A questão da convivência em casa sempre foi fundamental para nós. Me agrada projetar um cotidiano participativo, com uma pessoa arrumando a mesa, outra cozinhando e outra no computador.”
Com uma pegada mais étnica, mas não temática, Roberto Migotto convida o visitante a viajar nos detalhes de seu Le Riad. “Trouxemos a história milenar do Marrocos, mas de uma maneira contemporânea, sem ser óbvio. Tem um perfume, um toque marroquino”, afirma ele, enquanto enumera detalhes como a porta com tachas, o pátio interno e o uso de muxarabis, espécie de treliça com padronagens árabes.
“A Casacor abre para nós, profissionais, a possibilidade de sempre apresentar algo diferente para as pessoas que visitam a mostra, fazendo com que elas saiam daqui com uma ideia ou uma inspiração para mudarem suas próprias casas. É sempre um exercício”, afirma o arquiteto. Tanto é assim, que a frase mais recorrente que a reportagem ouviu dos visitantes que circulavam em meio às casas da alameda foi: “Eu moraria aqui fácil!” E alguém discorda?