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Caçando os bandidos

Caso da morte de Marielle joga luz sobre milícia em alta

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Autor/Imagem:
Roberta Pennafort

A denúncia contra o ex-PM Orlando de Araújo, apontado por uma testemunha como envolvido na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, tornou famoso um nome já conhecido pela polícia. Ele é investigado por supostamente comandar uma milícia violenta, que se expande por Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Também enfrenta suspeitas por três homicídios, participação no jogo do bicho e na máfia dos caça-níqueis. A defesa diz que ele é inocente.

A quadrilha extorque dinheiro por meio de cobranças ilegais relacionadas a serviços que controla, conforme apuração do Ministério Público e da Polícia Civil. O grupo ganha força em Curicica, bairro que serve de apelido ao ex-PM, Taquara, Freguesia e Praça Seca, além da comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande e Vargem Pequena, na zona oeste carioca.

Um dos homicídios em que Araújo é suspeito teve como vítima um colaborador do vereador Marcello Siciliano (PHS), também apontado como mandante da morte de Marielle. Carlos Alexandre Pereira, o Cabeça, tinha prestado depoimento sobre o caso Marielle. Foi encontrado com marcas de tiros dentro de um carro na Taquara na noite de 8 de abril, 25 dias após a execução da vereadora.

Há a suspeita de que teria sido queima de arquivo. Testemunhas afirmaram que um dos atiradores gritou: “A gente tem de calar a boca dele”. Segundo a defesa, a inclusão do ex-PM no inquérito deve-se ao fato de o assassino, supostamente, ter dito “manda um alô pro Curicica”.

Segundo a testemunha, a morte de Marielle foi encomendada por Siciliano ao ex-PM porque ela estava “atrapalhando” a milícia. O vereador nega. Os outros dois assassinatos são mais antigos. Em junho de 2015, o presidente da escola de samba União do Parque Curicica, Wagner Raphael de Souza, foi baleado. Já em junho de 2016, o sargento da reserva da PM Geraldo Antônio Pereira foi metralhado no estacionamento da academia da qual era dono. Foi alvejado na cabeça e no pescoço por três homens, de carro. O caso logo foi ligado a disputas ligadas à exploração ideal de caça-níqueis.

“Essa alegação de que (Araújo) é apenas um líder comunitário é historinha”, disse um investigador ao Estado. Preso desde outubro, Araújo pode ser transferido do Rio na semana que vem, a pedido da Justiça.

O ex-PM atribui o envolvimento de seu nome a uma retaliação da testemunha. O motivo seria o rompimento de uma parceria – Araújo diz que seu acusador é um PM com quem trabalhara como segurança particular e de eventos por dois anos. O ex-PM teria se afastado após descobrir que ele tinha envolvimento com o crime.

“Estou vivendo à base de calmante”, disse a mulher de Araújo. Empresária de 34 anos, ela trabalha com compra e venda de joias de ouro e tem uma distribuidora de água no Recreio. “Tenho de me esconder porque não sei o que está acontecendo. Nossa vida virou um inferno.”

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