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Casos de Aids avançam entre a população idosa

O mais recente boletim epidemiológico com levantamento dos casos de HIV e Aids divulgado pela Secretaria de Saúde revela grande aumento nos casos de infecção pelo vírus HIV e diagnóstico da Aids na população acima dos 60 anos, entre os anos de 2014 e 2019.

O informativo também traz aumento dos casos em jovens entre 20 e 29 anos. Dos casos detectados no sexo masculino, houve redução de 24,4% apenas os indivíduos que estão na faixa etária entre 15 e 19 anos.

Nas mulheres, a redução ocorreu em todas as faixas etárias, com exceção daquelas que têm entre 15 e 19 anos e 50 e 59 anos, onde o aumento foi de 5,9%.

Em seis anos, os casos de HIV em maiores de 60 anos, em ambos os sexos, variou 275%. De acordo com o informativo epidemiológico, em 2014 era 1,3 casos de HIV em homens para cada caso em mulheres. Em 2019, passou a ser 5 casos em homens para cada caso em mulheres.

“Essa população é sexualmente ativa, mas ainda encontra barreiras e tabus quando o assunto é sexualidade. É preciso falar abertamente sobre o tema e alertar esse grupo sobre a importância de se prevenir.”, observa a gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Beatriz Maciel Luz.

O maior crescimento detectado foi entre os homens na faixa de 60 anos e mais, com 157,1% (passou de 2,8 casos de HIV por 100 mil habitantes para 7,2 casos de HIV por 100 mil habitantes).

Em 2019, a faixa etária que apresentou a menor razão de sexos foi a de 50 a 59 anos, com 1,9 caso de HIV em homens para cada caso em mulheres. Em 2014 esse índice era de 3 casos em homens para cada caso em mulheres. Na população entre 15 e 19 anos, houve redução de casos de infecção por HIV em 21,6% em seis anos.

Por outro lado, a faixa que apresentou a maior razão de sexos foi a de 20 a 29 anos, com razão de 15,3 casos de HIV em homens para cada caso em mulheres.

Casos de Aids
Dos casos de Aids, todas as faixas etárias apresentaram redução, exceto nos jovens de 20 a 29 anos, que teve aumento de 44,3% – em 2014, eram de 11,4 casos de aids em homens para cada caso em mulheres e passou para 16,4 casos em homens a cada caso em mulheres com Aids.

Comparando os anos de 2018 e 2019, aumentou em 157,9% a proporção dos casos de Aids em pessoas que têm entre 40 e 49 anos. No primeiro período, a detecção de casos de Aids era de 1,7 casos em homens para cada caso em mulheres e passou no ano seguinte para 4,4 casos em homens para cada caso em mulheres. Na população acima de 60 anos, comparando o mesmo período, o aumento foi de 33,3%, passando de 1,8 caso para 2,3 casos em homens para cada caso de aids em mulheres.

O boletim revela, ainda, que nos anos de 2017 a 2019, não foram registrados casos de Aids em mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos.

Quando na análise dos dados avalia-se raça ou cor da pele, o predomínio da infecção do HIV ocorre em indivíduos de cor parda, com valor médio de 36,3%, sendo essa categoria a que apresentou maior crescimento (4,5%), passando de 39,8% em 2014 para 41,6% em 2019.

A maior redução foi entre amarelos (48,3%). Entre brancos e pretos, no mesmo período, houve redução de 14,6% e 3,2%, respectivamente.

Os casos de Aids aumentaram em 14,1% entre pessoas pardas e 100% em amarelos e indígenas. Entre brancos e pretos, a redução foi de 14,4% e 11,8%, respectivamente. De 2018 para 2019, também houve redução da proporção de casos de Aids entre brancos e pretos, ficando em 15,3% e 25%, respectivamente.

Ao ser analisada a escolaridade, a infecção por HIV foi maior em indivíduos com ensino superior completo e médio completo. Os percentuais ficaram em 20,4% e 19,6%, respectivamente, no período de 2014 a 2019. Nos cidadãos analfabetos, o aumento foi de 8,3%.

Dos diagnósticos de Aids, os casos nesse mesmo público aumentaram em 29,6% e 19%, respectivamente. Em analfabetos, o aumento foi de 12,2%.

Em relação à categoria de exposição entre homens maiores de 13 anos com Aids, em seis anos, o público homossexual apresentou a maior média de proporção de casos (50,8%), com aumento de 17,1% de 2014 a 2019, mas com redução de 2,9% de 2018 para 2019.

Entre os homens heterossexuais, a proporção de casos de Aids, nesses seis anos, foi em média de 20,3%, com aumento de 7,2% de 2018 para 2019. Nos bissexuais, a média foi de 11,6%, no período, mas houve aumento 27,8% de 2018 para 2019.

Transmissão
A transmissão vertical, de mãe para filho pode ocorrer na gestação, durante o parto e através da amamentação. No DF, o número de casos vem se mantendo igual a 1 caso notificado por ano.

“Isso ocorre devido às estratégias de prevenção que o DF adota, como o teste de HIV preconizado durante o pré-natal, a profilaxia durante o parto e a oferta de fórmula láctea a todas as crianças expostas ao HIV, do nascimento até um ano de idade”, explica, Beatriz Maciel Luz.

A gerente pontua que “toda gestante deve fazer o teste de HIV no pré-natal e no momento do parto. Ressalta-se que o tratamento para HIV específico para gestante também está disponível no SUS. Além disso, as mulheres vivendo com HIV não devem amamentar”.

Entre 2014 e 2019, houve registro maior que um caso por ano, apenas em 2014 (1 caso em menor de 1 ano e outro aos 4 anos) e em 2016 (3 casos em crianças de um ano).

No ano passado, 72,7% das gestantes com HIV usaram profilaxia durante a gestação e parto – um aumento de 12,6% em relação ao ano anterior. Este valor, porém, apresenta uma redução de 8,7% em relação ao início do período analisado (de 79,7%, em 2014, para 72,7%, em 2019), enquanto as gestantes que não fizeram profilaxia, apresentaram aumento de 258,9% do período, passando de 1,7%, em 2014, para 6,1%, em 2019

Formas de prevenir
Há várias formas de prevenir a infecção pelo vírus HIV e de adquirir Aids. A rede pública disponibiliza gratuitamente, durante todo o ano, preservativos masculino e feminino e gel lubrificante, em todas as unidades básicas de saúde (UBS).

Outra forma de se prevenir do vírus é por meio da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) disponibilizada no Hospital Dia e no Hospital Universitário de Brasília. A PrEP é indicada para populações em situação de maior vulnerabilidade e que tenham práticas de maior risco para infecção pelo HIV.

Também está disponível em toda a rede a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). É uma forma de prevenção da infecção pelo HIV com o uso de medicamentos que fazem parte do coquetel utilizado no tratamento da Aids para pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus recentemente, por meio da exposição ocupacional, no caso de profissionais de saúde, por exemplo, ou pela exposição sexual ocorrida em casos de sexo sem camisinha ou de violência sexual.

Na prevenção da transmissão vertical, existe a profilaxia durante o parto, quando necessário e, de acordo com a carga viral da gestante, realiza-se a profilaxia no bebê. Toda puérpera, após o nascimento do filho, recebe o leite especial para os bebês durante o primeiro ano de vida. É importante destacar que essas mães não podem amamentar.

Diagnóstico e tratamento
As UBSs e o Núcleo de Testagem e Aconselhamento (NTA), da Rodoviária do Plano Piloto, oferecem os testes, sendo na maioria rápidos, para detectar o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Qualquer cidadão que tenha feito relação sexual desprotegida pode procurar uma unidade para fazer o teste e receber orientações quanto à prevenção e tratamento.

Os casos positivos receberão direcionamento para tratamento específico em um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) em HIV/Aids. Nos SAEs são feitos outros exames complementares para averiguar a situação de saúde e o estágio da infecção para estabelecer o tratamento adequado com os antirretrovirais e outros medicamentos indicados, quando necessário.

Ao todo, são oito unidades públicas de saúde especializadas: Hospital Dia (508 Sul), ambulatórios dos hospitais regionais de Sobradinho, Ceilândia e Universitário de Brasília e nas policlínicas de Taguatinga, Lago Sul, Planaltina e Gama.

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