Com o seu time vivendo um sobe-e-desce ladeira para se segurar no G-4 da Série B do Campeonato Brasileiro, enquanto enfrenta uma dívida com a União de R$ 400 milhões que levará a leilão no início de outubro o estádio da Ilha do Retiro, o presidente do Sport Club do Recife, Yuri Romão, foi convidado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para chefiar a delegação da Seleção Brasileira nos próximos confrontos das Eliminatórias da Copa do Mundo, em Santiago do Chile, no dia 10, e em Lima, no Peru, no dia 15 de outubro.
A escolha do presidente do Sport para comandar os jogos da CBF em seus próximos dois confrontos, revela uma sintonia de situações entre o rubro-negro pernambucano e a Seleção Brasileira que também anda aos trancos e barrancos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026: os últimos resultados do Sport (que neste domingo empatou com o Mirassol, confirmando sua dificuldade de vencer fora de casa) e da Seleção espelham bem as dificuldades que ambas as equipes estão enfrentando para atingir os seus objetivos.
Se o propósito do presidente da CBF, o baiano Ednaldo Rodrigues, foi homenagear o Nordeste com a indicação do Sport para representá-lo na direção da Seleção, a região certamente estaria melhor representada pelo seu Bahia ou pelo Fortaleza, clubes que estão um papel muito mais bonito na série A do Campeonato Brasileiro, o tiro saiu pela culatra, pois o time do Recife não é nenhuma exemplo de organização, dentro ou fora das quatro linhas, como mostra sua situação no segundo ano seguido na série B.
A selvageria da sua torcida, que a cada resultado negativo dentro de casa costuma provocar um quebra-quebra pelas ruas do Recife, a exemplo do que ocorreu no dia 22 de fevereiro deste ano, quando atacou com bombas, pedradas e pauladas o ônibus da equipe do Fortaleza, com quem o Sport havia empatado momentos antes em jogo válido pela Copa do Nordeste, provocando ferimentos graves nos jogadores do time cearense, tem afastado os torcedores dos estádios. Como resultado, na atual série B o clube está amargando um prejuízo de R$ 500 mil nos jogos disputados no Recife.
O convite ao presidente Yuri Romão, feito na última sexta-feira (27/9), em meio à convocação por Dorival Júnior dos jogadores que vão enfrentar Chile e Peru, foi exaltado pelo clube da Ilha do Retiro ao emitir uma nota tentando ofuscar sua realidade, com a seguinte afirmação: “O Sport recebe o convite de forma honrosa, como um claro sinal da retomada do prestígio do clube em cenário nacional, tanto pela reestruturação administrativa, quanto pela fase vivida dentro de campo.”
Na mesma nota, o clube abriu espaço para uma declaração do seu presidente: “Recebo esse convite como uma convocação, uma forma de valorizar ainda mais a marca do Sport. Isso demonstra que estamos recuperando a imagem e a credibilidade do nosso clube em âmbito nacional e internacional. É o reconhecimento de muita entrega e trabalho da nossa gestão, que tem feito um grande trabalho de retomada desde o primeiro dia que entramos no clube”, disse Yuri Romão.
Mas também na última sexta-feira, quando o presidente enaltecia sua própria gestão e a torcida do Sport já comemorava a volta dos jogos para a Ilha do Retiro, que fazia um ano estava em reformas, a 33ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco resolveu jogar água no chope do rubro-negro do Recife ao anunciar o edital que levará a sede do clube a leilão nos dias 1 e 10 de outubro, com lance inicial de R$ 400 milhões, num pacote que inclui o estádio, piscinas, quadras, prédios administrativos e estacionamentos. Mas se esse valor não for alcançado, uma cláusula do edital admite que um segundo lance superior a R$ 200 milhões, ou 50% do valor inicial, poderá levar todo esse patrimônio.