Celeiro do teste atômico, arquipélago de Bikini pede ajuda contra invasão do mar
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emCerca de mil nativos do Atol de Bikini, na Oceania, pediram para serem levados aos Estados Unidos devido ao aumento no nível dos mares, que ameaça suas casas.
Eles já haviam sido retirados pelos EUA do Atol de Bikini nos anos 1940, para a realização de testes de bombas atômicas americanas no local. Eles haviam sido levados para Kili, outra ilha do arquipélago de Marshall, mas seu novo lar tem sofrido com o aumento no número de tempestades e com a intensidade das marés.
Na época da mudança de ilha, foi fechado um acordo com os Estados Unidos, estabelecendo um fundo para ajudar os moradores do atol a se mudarem para Kili. Esse fundo pagaria pela construção das novas casas.
Agora, porém, os ilhéus pedem ao governo americano que altere as regras do fundo de forma que eles possam usá-lo para se realocar nos Estados Unidos.
Os moradores afirmam que suas casas estão sendo invadidas pelas águas das marés mais altas já registradas no local, conhecidas como . O sal também está penetrando no solo da ilha, o que ameaça a agricultura local e o suprimento de água.
No começo do ano, a pista de pouso local foi totalmente inundada, deixando a ilha isolada.
“Os nativos de Bikini vieram novamente até nós e pediram para levar esta proposta aos Estados Unidos, para pedir que o fundo de reassentamento seja usado para mandar as pessoas para os Estados Unidos e não apenas para (outros lugares) das Ilhas Marshall”, afirmou Tony de Brum, ministro de Relações Exteriores das Ilhas Marshall.
“Não vimos o texto final da legislação, mas o pedido que chegou foi feito com base (no fato de que a ilha) Kili está inabitável devido às mudanças climáticas”, acrescentou.
O Departamento para o Interior dos Estados Unidos tem apoiado os moradores da ilha Kili e propôs uma legislação no Congresso americano que muda os termos do fundo de reassentamento.
Um acordo entre as Ilhas Marshall e os Estados Unidos prevê que os antigos moradores do atol de Bikini tenham direito de viver, trabalhar e estudar nos Estados Unidos, sem restrições quanto à duração de sua estadia.
“Esta é uma linha de ação apropriada para os Estados Unidos no que diz respeito ao bem-estar e à subsistência do povo de Bikini, devido às condições das ilhas Kili e Ejit, que estão se deteriorando, e ao aumento da frequência das inundações devido às nas ilhas”, disse a subsecretária de Interior das Ilhas Marshall, Ester Kia’aina.
O governo das Ilhas Marshall afirmou que experiência dos moradores do atol de Bikini mostra que existe a necessidade de um novo acordo global para enfrentar as mudanças climáticas.
A expectativa recai sobre a conferência internacional COP 21, que começa no final de novembro, em Paris, com o objetivo de que se alcance o maior acordo climático do mundo em substituição ao Protocolo de Kyoto.
As ilhas-Estado estão entre as defensoras de que tal acordo estipule um controle nas emissões de gases-estufa para que o aumento na temperatura global fique abaixo de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, de forma a conter a elevação nos níveis dos mares.