A deputada Celina Leão (PDT) realizou nesta terça-feira 2 um sonho que vinha acalentando há mais de 15 dias, ao abandonar o barco que abriga os aliados de Rodrigo Rollemberg. E saiu atacando, ao afirmar que omissão é crime e que ela não ficaria ao lado de quem não honra compromissos de campanha. A deputada sinalizou, assim, que a Câmara que ela dirige vai se distanciar cada vez mais do Palácio do Buriti.
Celina fez um discurso emocionado. Houve momentos em que ela pausou a voz. Quando não era traída por lágrimas imperceptíveis, era silenciada por aplausos de uma claque que ocupou as galerias da Câmara Legislativa. E foi ovacionada quando disse que o Palácio do Buriti abriga centenas de petistas, em detrimento de quadros de outros partidos aliados.
– Não sou oposição. Sou uma deputada que vota com consciência e que vai agir com independência, afirmou Celina. E acrescentou: “Eu peço ao governador que faça uma requalificação de seu governo, que faça o primeiro choque de gestão. Todos os projetos que o governador precisar para cuidar da cidade, ele terá o meu apoio. Mas esta Casa tem se portado de forma independente. Eu quero ter a liberdade de estar livre, descomprometida de qualquer projeto que em que eu tenha dúvidas”, pontuou.
A deputada foi enfática ao condenar a existência de aliados do ex-governador Agnelo Queiroz em cargos-chave da equipe de Rodrigo Rollemberg. “O PT está fazendo oposição sem deixar os postos que ocupava”, condenou, dizendo que as práticas do governo não foram alteradas após as eleições do ano passado. Segundo ela, “os puxa-sacos dizem que está tudo bem, mas eu tenho vergonha na cara e não foi compactuar com isso que está aí.”
Celina concluiu, sem alterar o tom de voz: “Minha paciência tem limite”.
A saída de Celina Leão da base de governo pegou de surpresa o senador Antônio Reguffe. Segundo ele, o partido (PDT) não foi consultado sobre a decisão. “Mas respeito a posição dela, como gostaria que as minhas fossem respeitadas”, ponderou. Sobre as omissões apontadas pela deputada, o senador admitiu que Rollemberg não tem correspondido nesses primeiros meses de governo, mas ressaltou que o governador “é um homem bem intencionado, tem virtudes e que ainda merece nosso apoio”.
Felipe Meirelles