A polícia civil foi acionada e, em seguida, lá estavam os agentes Mariane, Pedro e Gustavo, responsáveis pelo caso. A perícia criminal logo chegou ao local, onde foram tiradas fotografias e o pé sem corpo foi meticulosamente depositado em um saco plástico. Foi preciso colocar um cordão de isolamento, tamanho o número de curiosos que se aglomerou.
Sentada a menos de 10 metros, Celina acariciava sua vira-lata, quando, então, os policiais se aproximaram. Os olhos arregalados da mulher demonstravam que ela ainda não havia digerido aquela situação tão traumática. Traumática até demais, diga-se de passagem.
— Foi a senhora que encontrou o pé, não foi? – Mariane perguntou.
— Não. Na verdade, foi a Clarinha.
— Clarinha? E onde está essa Clarinha?
— Bem aqui – Celina apontou para a cachorra.
— Ah, tá!
Mariane coletou o depoimento informal de Celina e, em seguida, lhe entregou uma intimação para que ela comparecesse à delegacia na semana seguinte. Apesar de não ser uma testemunha do suposto homicídio, era, até aquele momento, a primeira ponta da investigação.
Assim que foi liberada, a mulher e a vira-lata entraram no veículo, estacionado logo ali, e foram embora. Celina, que acordara pensando em correr para manter o corpo em forma, constatou que precisava marcar urgentemente nova consulta com sua psicóloga. A última, de acordo com os seus cálculos, havia sido há quase três anos, logo depois que se separou do marido.
Enquanto isso, Mariane, Pedro e Gustavo permaneceram no Parque da Cidade, onde procuraram alguma câmera que pudesse ter captado imagens do autor do fato. Nenhuma. Eles precisariam esperar pela perícia. Talvez alguma digital fosse coletada ou, então, alguém reclamaria por um pé desaparecido. Seja como for, a imprensa havia chegado ao local, e os agentes resolveram voltar para a delegacia. Mesmo porque, o delegado Hudson já estava fazendo os últimos preparativos para a entrevista que iria conceder.
O Capítulo III deste folhetim será publicado na segunda-feira, 22.